Hung Kuo-hsiung

Consultor na Aldeia Suao dos Tamancos de Madeira de Baimi, especialista/conferencista do Museu Yuyu Yang, director de marketing da Lee Gallery.

A elegância através dos tempos – convergência entre as empresas e a cultura

4a edição | 04 2015

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Taiwan sempre se orgulhou em ser um paraíso para os amantes da gastronomia. Infelizmente, a ganância de algumas empresas, que enveredaram pela produção de alimentos tóxicos, manchou esta reputação nacional. Vários incidentes indignaram os consumidores taiwaneses, causaram o boicote de produtos de empresas alimentares de grande dimensão e trouxeram a questão da segurança alimentar para o centro do debate.


Mas, no meio de todos estes escândalos, ainda existem algumas empresas sérias que trabalham no sentido de proteger a saúde e a segurança do consumidor, impondo medidas internas rigorosas de inspecção. Uma das empresas que se tem destacado é a octogenária I-Mei Foods. Ao longo dos tempos, a empresa conseguiu salvaguardar os valores da segurança alimentar.


A I-Mei, que no início da sua actividade era uma padaria, abriu as portas em 1934 no centro nevrálgico de Tataocheng. Aspirava ser uma “padaria honesta e moralmente consciente” e, por isso, atribuiu desde sempre grande importância à origem dos alimentos. Um dos produtos mais conhecidos é o clássico bolo de ananás, feito à base de ananás cultivado localmente, em vez de pasta de abóbora d´água como fazem as padarias locais. O bolo não é excessivamente doce e tem a forma de um ananás – a palavra `ananás´ tem um som auspicioso no dialecto local, o que faz com que este doce seja um brinde ideal para trazer de Taiwan.


Além da segurança alimentar, as companhias também não devem negligenciar a embalagem do produto. Mesmo antes da consciencialização ambiental ser um tema em discussão, a I-Mei começou a pensar na reciclagem e a utilizar materiais utilizados há duas décadas. Usavam-se, por exemplo, caixas metálicas e papel reciclado, dando um bom exemplo aos consumidores e à indústria.


A I-Mei também se inspirou fortemente na cultura nativa para a concepção do design das embalagens. A imagem que acompanha este texto mostra o “Festival da Rua do Sul”, uma pintura de Kuo Hsueh-hu, representante da primeira geração de pintores de Taiwan e autóctone de Tataocheng. O desenho retrata uma cena animada da rua Dihua durante o Festival dos Espíritos Esfomeados. Vários aspectos vibrantes da vida e cultura em Tataocheng são apresentados na pintura: inscrições em chinês, japonês e inglês, o desenho dos cartazes das lojas, riquexós e o Templo do Deus da Cidade. Kuo Hsueh-hu precisou de meio ano para concluir a obra, acabando por vencer um importante prémio de arte em Taiwan. Quatro anos após a sua conclusão, a I-Mei abriu a primeira loja a apenas um quarteirão desta rua.


As empresas e a arte são complementares. Os artistas podem ajudar a melhorar a imagem das companhias e, por outro lado, estas podem ajudar a promover e a sustentar a cultura. Na rua Dihua, vêem-se muitos exemplos de uma arquitectura que funde elementos do estilo barroco com balaustradas. Devido à proximidade do rio Danshui, várias empresas estrangeiras acabaram por se estabelecer em Tataocheng, exportando o chá local para o exterior. Após a II Guerra Mundial, uma série de comerciantes de roupa também instalaram bazares na área, cultivando o espírito de negócio. A atmosfera multicultural também ajudou ao desenvolvimento de uma classe de artistas e cantores taiwaneses.


Numa tentativa de revitalizar esta área, artistas e grupos criativos instalaram-se em Tataocheng. Aqui trabalham em conjunto com corporações de qualidade para promover a cultura local e trazer uma nova vida e um melhor futuro à comunidade.