Publicação de música na era digital

12 2018 | 30a edição
Texto/tRisty Chang

Em 2018, a publicação digital de música tornou-se a principal maneira de editoras e artistas lançarem os seus trabalhos. À medida que a lei da propriedade intelectual amadurece, as plataformas digitais emergem como canais legítimos que levam a publicação de música para o mundo digital. Nesta edição, temos a editora taiwanesa JVR Music, a plataforma de streaming de música do Interior da China NetEase Cloud Music e o artista local Chai Kefu, de Macau, para partilhar connosco o modo de compreender a dinâmica do mercado na era digital e de aumentar a exposição dos seus trabalhos.


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JVR Music: usar a Internet para maximizar o valor da música


Na era do CD, as lojas de discos eram o principal canal para as pessoas comprarem música, tornando os CDs a principal fonte de receita das editoras discográficas. A JVR Music foi co-fundada por Jay Chou, Vincent Fang e JR Yang. A editora tem artistas populares de C-pop, como Jay Chou, Cindy Yen, Gary Yang, etc. É uma das principais editoras discográficas de Taiwan. O gerente de novos média da editora, Ricky Hsu, acredita que a Internet ajuda a música a transcender fronteiras. Dito isso, uma vez que uma música é publicada online, ela pode alcançar diferentes regiões do mundo muito rapidamente. Isso torna a publicação digital um campo de batalha muito estratégico para as produções musicais.


Escala de mercado e estrategia de negócios vêm de mãos dadas


O elemento mais importante na publicação digital são os direitos autorais da música. “Quando se compra CDs, tem-se a música enquanto se tiver o CD. Mas o serviço de streaming é mais como um serviço de aluguer. Quando uma determinada plataforma tem os direitos autorais das músicas, podemos ouvi-las livremente. Quando os direitos autorais expirarem, deixaremos de ter acesso às músicas”, aponta Ricky. “Então a plataforma de streaming precisará negociar com as editoras para renovar os seus direitos autorais de modo a colocar as músicas de volta na plataforma.” 


O álbum de Jay Chou de 2016, Jay Chou’s Bedtime Stories, é um dos exemplos únicos de publicação e promoção digital. O álbum entrou na plataforma de streaming QQ Music da Tencent e um valor é cobrado pelo download, o que foi o primeiro caso do género naquela plataforma. “O mercado no Interior da China é enorme. Existem diferentes modelos de negócios por aí. Dada a escala do mercado e o hábito do utilizador, precisaríamos vender o álbum na plataforma que tem mais fãs. Mas também precisamos considerar a experiência musical dos utilizadores comuns e dos fãs se eles não comprarem o álbum”, diz Ricky. “É por isso que disponibilizamos o videoclip para que todos possam ver a promoção. Esta é uma das nossas estratégias para equilibrar o marketing.” Para impulsionar as vendas do álbum, Jay Chou’s Bedtime Stories só ficou disponível para os utilizadores que não compraram o disco dois meses após o lançamento. Essa estratégia ajudou o álbum a vender dois milhões durante esses dois meses.


Plataformas com características distintas


Cada plataforma de música é uma loja de discos independente. Mas o que é que as torna diferentes umas das outras? “A KKBOX é a plataforma de música digital mais popular em Taiwan actualmente. Esta plataforma tem a maior parte das músicas chinesas. Há também uma categorização clara dos géneros musicais, como música ocidental, oriental e independente”, explica Ricky. “A plataforma dá orientações claras aos utilizadores, por isso é muito fácil navegar. Também trabalhamos de perto com outras plataformas digitais no mercado para colocar mais músicas na plataforma.”

 

“O Spotify é como um mecanismo de pesquisa massivo. Pode ser visto como o Google. A maior parte dos utilizadores do Spotify são grandes amantes de música. Eles podem encontrar as músicas de que gostam muito facilmente”, diz, falando sobre a diferença entre a KKBOX e o gigante internacional de streaming Spotify. O Interior da China tem um enorme mercado e uma grande população. Uma plataforma de música na China pode incubar diversos serviços. Além de incluir todos os recursos que a KKBOX e o Spotify partilham, as plataformas do Interior da China também oferecem funções como transmissão ao vivo, interacção com a comunidade, upload de músicas, etc.


Exposiçao vem do conteúdo


Como aumentar a exposição da música para artistas emergentes do Interior da China, Hong Kong, Macau e Taiwan? “O trabalho não está terminado depois das músicas serem lançadas nas plataformas de música. A promoção da música não deve depender apenas dos recursos oferecidos pelas plataformas”, afirma Ricky. Em geral, uma plataforma de música tem dez a vinte milhões de músicas disponíveis. Isto faz com que seja importante que os artistas musicais criem estratégias para competir com outras músicas chinesas na plataforma. “Na verdade, só há uma maneira de resolver isto. É preciso ter uma boa música. A música deve ser boa o suficiente para ser recomendada pela plataforma”, diz. Além disso, os artistas musicais precisam saber como utilizar os recursos que têm ao dispor para promover as suas músicas. Eles podem, por exemplo, usar redes sociais e plataformas de média como o Facebook e o YouTube para ganhar impulso.

 

Na perspectiva de Ricky, os artistas precisam também de usar a sua rede de contactos para receberem mais atenção do público. Através da presença e interacção online e offline, os artistas poderão alcançar a exposição máxima das suas músicas.

 

Abraçar a era digital da música


Há algumas décadas, apenas artistas de editoras conseguiam publicar os seus discos. Mas a era da Internet permitiu que criadores e artistas independentes publiquem os seus trabalhos no mundo digital. Eles podem colocar as suas canções em diferentes plataformas de música por meio de agregadores e distribuidores. “À medida que a tecnologia avança, todos os amantes de música podem ajudar a distribuir e publicar música”, diz Ricky.

 

De acordo com os relatórios da MIDiA Research*, 300 milhões de utilizadores de Internet em todo o mundo assinaram plataformas de música digital no primeiro semestre de 2018. Então, o que devemos esperar do futuro da música digital? Na opinião de Ricky, o sector da música digital ainda não é perfeito e editoras, detentores de direitos autorais, plataformas digitais e artistas devem manter uma mente aberta quando enfrentam os desafios que surgem em diferentes níveis de interacção. “Para aproveitar as oportunidades oferecidas por esta nova tendência, precisamos entender totalmente a nossa própria música, acompanhar as mudanças tecnológicas e aprender a abraçar os desafios”, conclui.


*Fonte: www.midiaresearch.com/blog/mid-year-2018-streaming-market-shares