Teoria da evolução: Entrevista com Albert Chu e Chao Koi Wang

01 2015 | 1a edição
Texto/Allison Chan, Johnson Chao, Wendy Wong, Bob Leong

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O papel do governo no desenvolvimento do cinema de Macau


Albert Chu tem desempenhado um papel importante no desenvolvimento do cinema em Macau. Em 1999, fundou a Associação Audio-Visual CUT, que reúne cinéfilos e realizadores. A série Histórias de Macau, produzida por Chu, tem vindo a ser cada vez mais reconhecida por atestar a evolução gradual do cinema local. O último episódio da série, Histórias de Macau 3—City Maze, será lançado ainda este mês.

 

Chu lebram que a CUT não é uma produtora de cinema. “Como de costume, não fazemos filmes como objectivo de ganhar dinheiro. Antes, gostaríamos de apoiar mais os cineastas promissores e criar-lhes mais oportunidades.”

 

Histórias de Macau 1”, rodado em 2008, foi encarado como uma simples tentativa, por faltar basicamente todo o equipamento para a fase de pós-produção. O segundo episódio, “Histórias de Macau 2—Amor na Cidade”, produzido em 2011, foi bem sucedido devido à orientação dada por profissionais de diferentes áreas. Agora, no terceiro episódio, City Maze, equipa e elenco foram constituídos por residentes de Macau, e a pós-produção também pôde ser feita no território.

 

O realizador de um dos segmentos de Histórias de Macau 3, intitulado Come, the light, é Chao Koi Wang, que regressou a Macau depois de mais de oito anos a viver em Taiwan. Foi apenas após regressar à cidade que Chao percebeu existirem muitos entusiastas e profissionais locais que encaram o cinema da mesma forma como ele.

 

Mas as dificuldades estavam prestes a começar, com a rodagem do filme. A maior parte da equipa de Chao era composta por residentes de Macau com empregos a tempo inteiro. Para rodar o filme, no entanto, Chao precisava de pelo menos dez dias. A disponibilidade dos profissionais, considera o cineasta, é um dos principais desafios da indústria local. “É realmente um mercado pequeno e não é possível ganhar a vida fazendo apenas cinema.”

 

Albert Chu descreve os cineastas de Macau como “apaixonados mas ainda não profissionais”. “Mesmo alguém que tenha estudado cinema, não dominará o ofício sem uns oito a dez anos de prática”, acrescenta o produtor.

 

Em Hong Kong, um filme de cinco milhões é considerado como de baixo orçamento e, para muitos cineastas, o programa de apoio de 1,5 milhões para longas-metragens, lançado pelo Instituto Cultural, é quase insignificante. Chao concorda e traça uma comparação com Taiwan, lembrando que ali um jovem realizador pode receber financiamento do governo na ordem dos oito milhões de dólares de Taiwan (cerca de dois milhões de patacas), o que lhe parece uma verba residual quando comparada com montantes atribuídos noutras partes do mundo. No entanto, acrescenta, uma vez realizada uma longa-metragem, esta pode ser um excelente portfólio para apresentar a potenciais investidores.

 

Com a série Histórias de Macau a chegar ao fim, Albert Chu acredita que este é apenas o começo de algo maior. “Finalmente conseguimos fazer Histórias de Macau com uma equipa inteiramente local. Em muitos aspectos, isto permitiu o desenvolvimento da indústria cinematográfica em Macau,” acredita.