Online e offline, aproveitando ao máximo a flexibilidade das exposições

11 2021 | 46a edição
Texto/Sara Lo

pic link_01_pt.jpg pic link_03_pt.jpg

Associação de Animação, Quadrinhos e Brinquedo Trocas Artísticas e Culturais Promovem de Macau: organização de obras locais para exposições internacionais


O International Comic Artist Conference (ICC) é um evento anual para cartoonistas de todo o mundo. Desde 1996, tem sido realizado em diferentes países membros ou regiões, numa base rotativa, e é uma ocasião maravilhosa para cartoonistas de todo o mundo se encontrarem e trocarem ideias através de exposições cuidadosamente organizadas, palestras temáticas e outras actividades. Devido ao impacto da pandemia, o ICC foi interrompido por um ano em 2020. Este ano, realizou-se na forma de uma exposição de desenho online, com o tema “Tributo aos trabalhadores da saúde”, mostrando os trabalhos de cartoonistas de 12 países e regiões. A Associação de Animação, Quadrinhos e Brinquedo Trocas Artísticas e Culturais Promovem de Macau (Associação de Animação e Brinquedo) recrutou 18 unidades locais de banda desenhada e ilustração para participar na exposição, o maior número de sempre, dando às obras locais uma oportunidade de serem vistas pela indústria internacional.


Embora as exposições online possam ser apreciadas sem sair de casa, elas podem, no entanto, ficar afectadas pela velocidade da Internet ou outros problemas técnicos, correndo o risco de que os visitantes não fiquem impressionados com as obras devido aos seus hábitos diários de navegação. “Tal como quando a gente navega no Facebook ou no Instagram, damos uma vista de olhos e logo esquecemos. Se houver um desenho físico à tua frente na exposição, mesmo que seja um desenho CG informático, pelo menos podes aproximar-te do quadro para o ver e conhecer melhor as pinceladas”, disse Kay Tai, vice-presidente da Associação e também cartoonista. Além disso, como a exposição é apenas realizada online, os cartoonistas viram-se privados de uma oportunidade de comunicação e de se conhecerem uns aos outros.


Copy of 1.jpg

Associação de Animação, Quadrinhos e Brinquedo Trocas Artísticas e Culturais Promovem de Macau: Kay Tai (esquerda) e Edward Loi assistiram à ICC dos últimos anos e indicaram que a experiência de organização de exposições online tem menos graça do que a offline em que o pessoal se comunica face a face.     Foto cedida por Cora Si


Segundo a tradição, o ICC é acolhido todos os anos por um país membro diferente, mas tanto Tai como o presidente da Associação, Edward Loi, concordam que Macau ainda tem um longo caminho a percorrer antes de poder ser o anfitrião: “Suponhamos que convidamos para Macau cartoonistas de todo o mundo, o que é que lhes podemos oferecer?”. Como a indústria ainda não está bem estabelecida, não existem pavilhões ou obras para os cartoonistas estrangeiros poderem usufruir como noutros países membros e mesmo as medidas de apoio básicas ainda não estão em vigor. O mais importante neste momento é estabelecer uma cadeia industrial flexível. “O que Macau precisa não é de cartoonistas, mas sim de instalações e marketing de apoio. Não é que haja falta de boas obras, mas sim que quando saem, é como se fosse uma pedra atirada ao mar que nunca mais será vista ou escutada de novo”. Dito isto, também observaram que muito IP local emergiu nos últimos anos, tornando-se conhecidas e até procuradas pelos locais, e gerando assim valor comercial. Ambos acreditam que o rumo do desenvolvimento das obras de hoje é mais variado do que no passado, com “personagens primeiro e depois histórias”, atraindo mais fãs do que nunca.


A exposição é uma das plataformas para reforçar o prestígio das bandas desenhadas locais. Nos últimos anos, a Associação tem funcionado como uma ponte para unir artistas locais para que estes participem em exposições de animação no interior da China, e tem testemunhado o desenvolvimento, desde os primeiros anos, em que as suas obras eram consideradas de qualidade insuficiente, até ao número crescente de fãs que apreciam banda desenhada local e mesmo a reacção de surpreensa de “há banda desenhada em Macau!”. No entanto, devido à epidemia, muitos eventos locais e ultramarinos foram cancelados ou adiados, tornando necessário prorrogar os planos de promoção. Face a muitas incertezas, Tai acredita que os cartoonistas também têm de entregar um bom trabalho enquanto esperam pelas oportunidades. Apenas dessa maneira é que podem ser vistos quando a oportunidade finalmente aparecer e convencer os outros com o seu trabalho. 



Copy of 2.jpg

Contam-se, no total, 18 cartoonistas e ilustratores no ICC deste ano. Esta é a obra exposta do Kay Tai.     Foto cedida pelos entrevistados


Exposição ICC Online: https://iccexhibition2021.com


Associação dos Designers de Macau: insistindo na exposição internacional com objectos reais


À sombra da epidemia, as fronteiras estão fechadas, mas não é impossível organizar exposições transfronteiriças. Este ano, a Associação dos Designers de Macau, em colaboração com a Associação Cultural Portuguesa e a Roca Lisbon Gallery, está a organizar a exposição Here and There—Macau Design em Lisboa, que decorrerá de julho a janeiro do próximo ano, e mostrará uma selecção representativa de obras de Macau da última década. Um dos curadores, James Chu Cheok Son, diz que a exposição foi adiada de 2020 para o presente. Apesar de todas as incertezas, conseguiram realizá-la de forma física, porque já existem demasiadas exposições online e é a obra concreta que pode trazer uma compreensão mais clara de si e da interacção humana. Por isso, apesar de algumas peças serem difíceis de transportar, optaram por realizar a exposição de forma física.


Copy of 4.jpg

No dia da abertura, Macau e Portugal realizaram juntamente a cerimónia de inauguração por videochamada.     Foto cedida pela Associação dos Designers de Macau


O outro co-curador, o designer português Emanuel Barbosa, ficou surpreendido com a diversidade e a qualidade dos designers locais de Macau, dizendo que algumas das obras manifestavam a cultura tradicional, além de mostrarem uma particularidade cosmopolita e contemporânea. Ele acrescentou que a exposição era muito popular em Portugal e abriu uma porta de cooperação com os designers de Macau. Chu espera que a exposição possa levar mais obras de destaque de Macau a um público internacional, além de proporcionar oportunidades aos designers emergentes, uma vez que o mercado de Macau é muito limitado e a única forma de o expandir é ligar-se ao mundo externo.


Copy of 5.jpg

O curador português Emanuel Barbosa expressa que a exposição permite aos portugueses conhecerem melhor a ecologia de design diversificado de Macau.     Foto cedida pela Associação dos Designers de Macau