Fotos cedidas por Lei Hou Un e Un Hon In
Após a criação da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin, o número de profissionais de Macau com a coragem de integrar as indústrias culturais e criativas da Grande Baía através da plataforma de Hengqin tem vindo a disparar. Tendo em conta o actual dinamismo da região, decidimos que era altura de fazer um relatório aprofundado sobre o centro de empreendedorismo de Hengqin, a fim de descobrir quem são estes profissionais que se atreveram a ser os primeiros a chegar e que tiveram a coragem de abrir o caminho a todos os interessados em exercer actividade no sector cultural e criativo. Foi com estes profissionais que fomos falar para descortinar as suas alegrias e dificuldades desde o seu estabelecimento na Grande Baía e lançar um olhar sobre o futuro da cooperação aprofundada no âmbito das indústrias culturais e criativas.
Disponibilização de escritórios para a expansão das indústrias culturais e criativas de Hong Kong e Macau
——Entrevista com David Cheang, fundador da AHA—Incubadora Juvenil de Hong Kong e Macau
Durante as comemorações do 22.º aniversário da Transferência da Administração de Macau para a China, o nome de David Cheang surgiu com muita frequência na comunicação social. Pessoas de Macau como David, que se tenham dedicado de corpo e alma ao desenvolvimento de Hengqin e ao encorajamento dos jovens de Macau para ir para fora, são, na verdade, muito raras. Fundador da marca AHA e director executivo da Gestão Empresarial Yuanfang Yihui de Zhuhai-Hengqin, Lda., David é um gestor cujo cérebro anda sempre a mil à hora, primando pelo seu raciocínio lógico e pelo seu espírito cumpridor. Correndo incansavelmente de um lado para o outro entre Macau e Hengqin, David põe em prática o que disse à China News Service (CNS): independentemente do contexto de onde vieram, os jovens de Macau têm de dar no duro para ganhar a vida.
David Cheang, fundador da AHA—Incubadora Juvenil de Hong Kong e Macau.
Após a sua formação em finanças e contabilidade na Austrália, David regressou a Macau e optou por seguir uma carreira no sector financeiro. No entanto, nunca deixou de sonhar com a ideia de criar a sua própria empresa. Em meados de 2019, na altura em que foram divulgadas as “Linhas Gerais do Planeamento para o Desenvolvimento da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”, David não hesitou e deu corajosamente o seu primeiro passo: a inauguração oficial da Incubadora Juvenil de Hong Kong e Macau, um espaço dedicado às indústrias culturais e criativas, num local não muito longe do Posto Fronteiriço de Hengqin, na Praça Internacional Jinyuan de Hengqin. Na qualidade de gestor do espaço, David explica assim o significado dos caracteres chineses que dão nome ao seu centro: “Os caracteres “亞哈” são os caracteres cantonenses correspondentes à expressão “aha”, que surge em frases como: “Aha, então era isso”. Na altura em que estava a discutir com um amigo a ideia de abrir uma empresa em Hengqin, esta frase saiu-me inadvertidamente, o que me fez pensar que é precisamente quando se está a abrir uma empresa que a inspiração e os “momentos aha” são mais necessários. Daí o nome “AHA”, que, em inglês, corresponde à sigla de “Arts, Happiness and Adventure” (Artes, Felicidade e Aventura). Deste modo, basta ler o nome para se saber qual é a principal missão da incubadora. Espero que os jovens empreendedores de Macau possam encontrar aqui um espaço de união, onde possam trabalhar com alegria, sem medo dos desafios futuros, e enfrentar com optimismo todas as dificuldades.” As três palavras que compõem a sigla que dá nome à empresa resumem a visão original de David para a sua incubadora, que é essecialmente diferente da maioria das incubadoras e espaços de co-working em Hengqin, os quais se concentram sobretudo em projectos nacionais de desenvolvimento prioritário, nomeadamente, no âmbito da tecnologia e da medicina. O que David mais deseja é seguir o seu próprio caminho.
Actualmente, a incubadora é sobretudo sustentada por dois grandes sectores, nomeadamente, o sector da restauração e o sector cultural e criativo. Para atender às necessidades dos empresários de ambos os sectores, David Cheang criou também diferentes áreas funcionais na AHA. No que respeita ao sector cultural e criativo, existem poucos espaços de co-working com áreas funcionais capazes de atender aos requisitos específicos dos profissionais desta área, tais como salas de ensaio de dança, estúdios de fotografia e estúdios de gravação. Antigamente, os profissionais do sector cultural e criativo ou tinham de alugar um espaço à hora ou ao dia, ou tinham de despender uma fortuna para criar o seu próprio espaço, o que tornava os custos de investimento incomportáveis para as start-ups. Sempre atento aos detalhes, David acabou por detectar este problema, tendo criado espaços com estas funções para alugar em regime de co-working, a fim de reduzir as despesas dos profissionais que estejam a considerar entrar no mercado chinês. Todos aqueles que exercem actividade na área cultural e criativa podem assim usufruir de múltiplas vantagens, tanto a nível de proximidade como de preços económicos.
Sala de Actividades
Café
Ginásio
Para além dos espaços de lazer, a AHA dispõe ainda de salas de exposições.
Para os profissionais do sector cultural e criativo, a propriedade intelectual é também um importante elemento a ter em conta. A lei de protecção dos direitos de propriedade intelectual no Interior da China é completamente diferente da de Macau. A AHA presta serviços de consultoria para ajudar estes profissionais a entrar no mercado chinês e a proteger as suas criações. Para David, isto corresponde a uma espécie de capacitação dos profissionais da área cultural e criativa, sobre a qual vale, de facto, a pena reflectir. Para além dos requisitos relativos ao espaço de trabalho, estes profissionais têm ainda expectativas elevadas a nível da sua qualidade de vida. O ginásio, o café e as salas de exposições de arte, actualmente na moda, contribuem para a aura juvenil e dinâmica da incubadora. Por outro lado, todos os operadores destes espaços representam marcas de Macau, evidenciando assim a total integração de Hengqin e Macau em cada canto da incubadora. David explica que esta dispõe ainda de um espaço expositivo equivalente a uma pequena galeria, onde os artistas podem expor as suas obras na Grande Baía e onde o público desta região pode contactar de perto com os artistas e as suas obras. Após a visita às exposições, o público pode ainda partilhar as suas impressões no mural de comentários.