Parque Cultural e Criativo 678: Evitando o Genérico

08 2016 | 16a edição
Texto/Yuki Ieong, Jason Leong e Lei Ka Io

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Erik Kuong, director operacional e criativo da Creative Links Limited, mudou-se em 2015, com os seus parceiros, para o Parque Cultural e Criativo 678 no Istmo de Ferreira do Amaral. Actualmente, os três dividem o arrendamento de uma unidade, trabalhando em negócios que incluem cinema, efeitos sonoros, design e produção multimédia.

 

Sinergias Geram Criatividade

 

Kuong afirmou que, no mercado actual, o arrendamento de unidades industriais ronda as 105-120 patacas por metro quadrado, enquanto no 678 custa 96 patacas por metro quadrado, o que torna o espaço de escritório bastante acessível. Além disso, há um facto chave que o fez decidir-se pelo 678-o arrendamento por cinco anos. O contrato estipula que a percentagem da renda aumenta de ano para ano, de modo a que o inquilino possa calcular as despesas de arrendamento nos próximos cinco anos.

 

“Tenho amigos que arrendaram anteriormente unidades industriais e, embora os períodos de arrendamento fossem relativamente curtos, o custo das unidades subiu 40 por cento a 50 por cento no ano seguinte, criando muita incerteza para quem é inquilino. Por exemplo, se uma pessoa arrendasse uma unidade para servir como estúdio de gravação de som, precisaria de fazer um grande investimento de remodelação para melhorar o isolamento acústico, o que tornaria um contrato muito curto indesejável.”

 

Antes de se mudar para o 678, Kuong e os seus parceiros investiram numa loja térrea com dois pisos, que combinava estúdio e espaço de escritório, mas acabaram por optar pela mudança para uma localização industrial. Kuong explica: “O co-arrendamento com outras empresas tem a vantagem de juntar as nossas capacidades de produção, pois podemos encontrar-nos e discutir oportunidades de colaboração que surjam. Se há designers que pretendem mostrar os seus produtos a clientes, apresentam-nos primeiro a nós e procuram os nossos comentários.”

 

No 678, há estacionamento para os inquilinos, bem como serviços de segurança do edifício como porteiro 24 horas por dia. Kuong gosta do nível do serviço, mas sente que há espaço para melhorias no que diz respeito ao posicionamento de mercado.

 

“Penso que a equipa de gestão remodelou o edifício no pressuposto de que o governo iria apoiar as indústrias culturais e criativas. É possível que não tenham a experiência suficiente para gerir um parque criativo como este. No fim das contas, parece mais uma relação de senhorio-inquilino, em vez de um centro que atrai empresas culturais.”

 

A Necessidade de um Nicho para Parques Criativos

 

“Os operadores locais de centros criativos devem alinhar as suas actividades pelo seu posicionamento de mercado, de modo a focarem-se em empresas relevantes. Actualmente, os inquilinos parecem escolher as suas instalações com base no arrendamento e na atmosfera”, disse Kuong.

 

Kuong assinalou que, para as start-ups que ainda não possuem personalidade jurídica, o espaço de escritório para discutir e fazer ‘brainstorming’ de ideias de negócio entre os parceiros é muitas vezes uma necessidade, e isso requer uma ambiente amigável e descontraído. Além disso, conversas mais práticas e orientadas para o negócio devem ser tidas regularmente, para encorajar o encontro de pessoas que pensem da mesma forma. Para as empresas mais sólidas, as necessidades serão bastante diferentes. De momento, estes centros tendem a parecer genéricos. Segundo Kuong: “Quando são demasiado genéricos, as funcionalidades tornam-se redundantes.”

 

Kuong acredita que há muitos recursos em Macau conducentes ao desenvolvimento destes parques. O que falta é a sabedoria para os aproveitar em pleno. “Podemos analisar e comparar os diferentes espaços culturais em várias regiões. A única preocupação é que ninguém sabe o que funciona melhor em Macau. Como a abordagem actual do governo é oferecer um ambiente genérico, há uma falta de foco no uso dos recursos. Houve alguns progressos em várias áreas diferentes, em vez de se ter construído um nicho próprio. Há poucas sinergias a partir das quais possamos construir algo.”