Investir nos Negócios Culturais: o Valor de Correr Riscos

08 2016 | 16a edição
Texto/Yuki Ieong, Jason Leong e Lei Ka Io

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“Se convidar construtores de empreendimentos a gerir uma empresa cultural, muitos podem não estar dispostos a tal, pois o momento do retorno do investimento é altamente incerto. Esta é uma das principais razões pelas quais poucos demonstram interesse em criar empresas culturais e criativas”, afirmou Andy Szeto, administrador do Cowin Group.

 

Há vários anos que o Cowin Group é uma das poucas empresas privadas que decidiu investir nas indústrias culturais e criativas de Macau. Actualmente, o grupo tem quatro projectos culturais, incluindo o Parque Cultural e Criativo 678, o Step One Centre, o Poco Cultural e Creative Center e o Centro de Incubação de Marcas de Macau. No segundo semestre do ano, vão construir outro um parque criativo com mais de 900 metros quadrados no Edifício Man Fong, perto da Areia Preta, e outro parque perto do grande centro comercial de Zhuhai, numa parceria de parques criativos entre Zhuhai e Macau, no qual mais de 4.600 metros quadrados de área serão reservados para as marcas de Macau.

 

De momento, o Parque Criativo e Cultural 678 tem todas as suas unidades arrendadas, e a taxa de ocupação do Poco atingiu os 85 por cento.

 

Compromisso Incondicional

 

Como estão situadas, respectivamente, perto da costa e na zona do porto, os parques criativos 678 e Poco possuem uma forte vantagem geográfica. No entanto, a atractividade geográfica destes centros é uma questão de circunstância e não de escolha deliberada.

 

“Na fase inicial, passámos um tempo considerável a identificar locais adequados, e depois percebemos que muitos edifícios industriais tinham propriedade fragmentada. Estávamos determinados a escolher um que fosse detido por um único senhorio para facilitar a gestão diária.” Szeto continuou: “Falando apenas do projecto de recuperação do Parque cultural e criativo 678, o custo da manutenção à prova de água, dos esgotos, das redes de água e electricidade, da renovação dos elevados e da estrutura do espaço de escritórios, o grupo e os proprietários gastaram quase 20 milhões de patacas.”

 

Enquanto o 678 é gerido sem apoios governamentais, o Centro de Incubação de Marcas é subsidiado como empresa cultural, uma vez que envolve mais investimento na fase inicial e está a ceder espaços gratuitamente a candidatos elegíveis. Deste modo, o subsídio do governo é sobretudo para cobrir as despesas necessárias.

 

“Os nossos parques criativos também são elegíveis para patrocínio, embora sintamos que não precisam de ter financiamento governamental. Penso que, se projectos como estes puderem ser levados a cabo sem financiamentos públicos, isso poderá promover a sustentabilidade a longo prazo.” Szeto compreende que o investimento na fase inicial é crucial para o desenvolvimento de um parque criativo, e por isso algum apoio governamental é inevitável. Todavia, o compromisso passa por ter financiamento privado. É um sinal positivo quando uma empresa desta natureza consegue funcionar sem apoio do governo.

 

Tendências de Desenvolvimento no Interior da China

 

Szeto destacou que, nos últimos dois anos, muito tem sido feito para atrair empresas culturais de qualidade e sustentáveis para os parques criativos 678 e Poco. Na próxima fase, o objectivo é focarem-se nos produtos, acolhendo o ‘branding’ de projectos seleccionados e expandir para o interior da China e para os mercados lusófonos por via do comércio electrónico.

 

“Criámos uma plataforma para as indústrias culturais localmente, como espaço de escritório, incubação de marcas e apresentação de produtos, e como tal temos oferta suficiente em termos de quantidade. Durante o resto do ano, vamos focar-nos em melhorar os canais de vendas.”

 

Todos os anos, o grupo organiza visitas de jovens locais aos centros culturais do interior da China em lugares como Shenzhen, Guangzhou, Hangzhou e Suzhou, para aprenderem com os casos destas cidades. Nos últimos anos, os centros culturais no Interior da China tendem a ser temáticos. Por exemplo, enquanto a Zona A tem um foco mais industrial, a Zona B é direccionada ao mercado da moda. Embora Szeto considere que o mercado de Macau ainda não atingiu a mesma fase de especialização, é benéfico aprender com os exemplos do exterior.