Equilibrar a Monitorização de Fundos Públicos com o Sucesso Industrial

08 2016 | 16a edição
Texto/Yuki Ieong, Jason Leong e Lei Ka Io

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Criado há apenas um ano, o Centro de Design de Macau já construiu uma reputação considerável no sector. De início, havia 49 candidatos a competir pelos 12 ateliers, antes de o local ter aumentado a oferta para 17 ateliers. Todavia, ainda há uma longa lista de espera, uma vez que tem o atractivo de um arrendamento de três anos renovável. O seu director executivo, Dirco Fong, afirmou que o Centro de Design tem uma política de admissão bastante estrita, pois cada candidatura é avaliada cuidadosamente à luz do seu background e das suas capacidades, de modo a que o Centro possa convidar designers com potencial e com paixão para se juntarem ao grupo.

 

Ajudar à Internacionalização dos Designers Locais

 

Como designer, Fong opinou que o período mais difícil para uma empresa criativa é encontrar o seu próprio espaço com pouco capital. A este respeito, o posicionamento claro do Centro de Design pode ajudar os inquilinos a procurar oportunidades.

 

“Hoje em dia, as empresas de jogo têm vindo a procurar cada vez mais produtos feitos localmente. Também estamos inclinados a encontrar designers de produto locais que sejam capazes de produzir trabalhos que complementem a imagem de marca dessas empresas de jogo”, disse Fong. Segundo o director do Centro, faz mais sentido os designers procurarem activamente oportunidades em vez de esperarem pelos clientes certos.

 

No último ano, o Centro de Design organizou os designers a participarem no concurso do Festival de Luz. Embora não tenham ganho o concurso, foram convidados para Taichung (Taiwan) com outra equipa para participar no Festival de Luz daquela cidade durante um período de dois anos consecutivos. Fong revelou que já estão em conversações com o Festival de Luz de Tianjin para explorar oportunidades. Isto mostra que o Centro de Design pretende promover os designers de Macau no palco internacional. “Como cada região tem características próprias e únicas, elas podem complementar-se e fomentar sinergias.”

 

Aprovações Lentas Impedem o Progresso

 

O Centro inclui um café com tons preto e cizento e um painel de fachada a dizer “Macau Design Centre” feito de sucata. Em cada piso, o corredor está pintado de branco e oferece liberdade a cada inquilino para estruturar a sua própria montra. Fong admitiu que, devido ao orçamento limitado, o edifício apenas sofreu trabalhos de remodelação, mantendo muito do seu aspecto original. “A área de cada atelier é confinada pela estrutura do edifício, e como tal não foram feitas muitas alterações, pelo que o local pode ser totalmente utilizado com os recursos que tem.”

 

O Centro recebeu sete milhões de patacas de financiamento através do Fundo das Indústrias Culturais no seu plano quinquenal. Não obstante, as suas despesas operacionais e a realocação de recursos acima de determinado limite exigem aprovação governamental. Fong sentiu que a monitorização cuidadosa desse financiamento é essencial, apesar de o lento processo de aprovação não ser o ideal para ir ao encontro das necessidades de uma empresa em crescimento.

 

“Por exemplo, se organizássemos uma palestra, teríamos de pedir ao governo autorização para efectuar esta despesa, e o tempo de espera pela aprovação seria muito longo. Isto significa que não há tempo suficiente para convidar um orador para vir do estrangeiro, mesmo que o financiamento seja aprovado mais tarde. Obviamente, isto tem impacto na actividade em si. Felizmente, o departamento governamental está ciente deste problema e está a procurar superá-lo.”

 

Pensar na Clientela como Prioridade

 

Fong destacou que, nos últimos anos, o governo fez esforços consideráveis para encorajar os jovens a começarem os seus próprios negócios. Além disso, há uma procura real no mercado por empresas culturais e criativas. Fong acredita que, no devido tempo, mais empresas e organizações se irão juntar ao sector.

 

“O espaço cultural e criativo será sempre apenas parte do negócio, não sendo o seu elemento principal. Há tantas empresas de design em Macau que temos de organizar competições para seleccionar os melhores designers para se juntarem a nós.” Fong afirmou que pensar na clientela é muito mais importante do que a infra-estrutura ou o local, e que actualmente o principal problema do sector é a falta do respeito pelo profissionalismo.

 

“Actualmente, os concursos públicos lançados pelo governo são avaliados com base no princípio de privilegiar a licitação mais baixa. Isto coloca algumas restrições sérias à indústria criativa. Por um lado, o governo quer proporcionar espaço e recursos para apoiar os empreendedores. Mas por outro, acaba com as oportunidades quando as empresas chegam ao mercado. É uma situação confusa.”