Nova fase para a cultura e artes criativas

12 2015 | 12a edição
Texto/Jason Leong, Yuki Ieong e Day Ng

Os eventos artísticos, culturais e criativos estão a multiplicar-se em Macau, e os participantes ou organizadores destes eventos já não são exclusivamente empresas ou organizações locais. Empresas estrangeiras e transnacionais estão envolvidas nos bastidores. Que oportunidades é que estas plataformas vão trazer aos artistas de Macau? Será que Macau se poderá tornar num centro para o mercado de arte? Para aprofundar estas questões falamos no “Destaque” desta edição com a MGM Macau, a New Art Wave Expo e a Flugent Art Gallery.

 

Flugent Art Gallery: Intermediária de artistas   New Art Wave Expo: preencher o fosso entre os artistas e o mercado


As empresas de jogo e as artes

 

Das várias empresas ligadas ao jogo em Macau, a MGM Macau é uma das que promove proactivamente o desenvolvimento das artes. Toby Leung, vice-presidente de Marketing e Comunicações da MGM, diz que, no início, a aposta no desenvolvimento das artes era impulsionada simplesmente por uma razão de estética e lazer, e não de forma a melhorar a economia ou aumentar o número de visitantes. O bom desenvolvimento actual deve-se ao crescente panorama artístico e cultural de Macau.

 

Desde que abriu as portas, a MGM tem-se comprometido a desenvolver projectos artísticos e culturais. Todos os anos, a empresa envia equipas profissionais para todo o mundo para investigar diferentes exposições internacionais e trazê-las a Macau. Por exemplo, em 2013, trouxeram trabalhos do pintor italiano Sandro Botticelli, considerado o “tesouro nacional” de Itália, que atrairam cerca de 40 mil visitantes. A maioria das exposições organizadas depois disso foram aplaudidas pelo público, como é o caso da mostra de peças de madeira em sândalo vermelho, organizada em conjunto com as autoridades de Pequim para comemorar o aniversário da Transferência de Macau para a China, e a “Bienal dos Leões”, co-organizada com o Consulado Geral de França em Hong Kong e Macau.

 

Aparentemente, o desenvolvimento artístico reflectiu-se de forma muito positiva no hotel, embora Leung admita que o sucesso foi uma surpresa. “De facto, o desenvolvimento artístico e cultural não é um dos principais projectos de marketing da nossa empresa é um interesse pessoal da nossa chefe. Se as artes tivessem de se adaptar ao mercado, muitas das obras não teriam oportunidade de ser apresentadas em Macau. Felizmente, o público local e os visitantes têm vindo gradualmente a descobrir e a interessar-se por obras de arte e, por isso, acabam por apresentar resultados em termos de markting. Agora que temos de cooperar com a determinação do governo em desenvolver Macau como um centro de turismo de classe mundial, todos os hotéis e talentos artísticos locais têm de fazer um esforço adicional”.

 

O número da população e de visitantes é limitado para desenvolver as artes na pequena cidade de Macau. Por que razão os artistas chineses e do exterior têm, ainda assim, vontade de vir até cá? “Para o mundo, Macau é na realidade um excelente palco para as exposições artísticas e culturais. Nos últimos 400 anos, Macau tem sido um ponto de encontro entre o Oriente e o Ocidente – em especial, com frequentes intercâmbios culturais com Portugal, o que é extremamente raro na Ásia, e que acaba por atrair a vinda de artistas de todos os cantos do globo. Além disso, graças ao desenvolvimento da indústria do jogo, Macau tem estado no centro das atenções e a sua capacidade de atracção adquiriu uma nova dimensão”, diz Leung.

 

No entanto, Leung aponta que a criação artística ainda se encontra numa fase inicial, e são várias as questões que têm de ser resolvidas. “Afinal de contas, a população de Macau e os terrenos são limitados, e o orçamento é insuficiente. Macau ainda não consegue competir com a China em termos da dimensão das exposições e da evolução geral do trabalho. Apesar disso, o ambiente artístico em Macau melhorou muitos nos últimos anos, e não só as concessionárias de jogo estão mais dedicadas aos projectos de arte, como o governo também tem apoiado. Por isso, a minha previsão é que os próximos cinco anos sejam a era dourada das exposições de arte em Macau.”

 

Para que haja desenvolvimento, Leung diz que muitos dos projectos internacionais da MGM convidam apaixonados de arte locais a participarem, na esperança de que estes se inspirem nos artistas estrangeiros, promovendo desta forma a criação local.

 

O desenvolvimento actual das artes em Macau deve apostar em características distintas que possam proporcionar experiências únicas aos visitantes, de forma a competir a uma escala global.” Por essa razão, Leung diz que as exposições introduzidas pela MGM são na sua maioria reconhecidas internacionalmente e carregam uma especial relevância histórica, com o objectivo de atrair visitantes de qualidade, em detrimento da quantidade. Só assim Macau poderá erguer-se na cena internacional. “Muitas pessoas não sentem nada de especial depois de verem uma pintura ou uma obra de arte. Mas quando têm acesso à narrativa ou ao contexto histórico que está por trás da peça, vão naturalmente formar uma ideia e a sua própria opinião sobre a arte. Quando se trata do desenvolvimento artístico, o objectivo da nossa empresa é activar e criar interacção e reflexão, que são também as suas principais características.”