New Art Wave Expo: preencher o fosso entre os artistas e o mercado

12 2015 | 12a edição
Texto/Jason Leong, Yuki Ieong e Day Ng

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A New Art Wave Expo, realizada há pouco tempo em Macau, foi muito aclamada. Com uma extensa rede de contactos e conhecimento especializado na área das relações públicas, Mianco Wong, curadora de Hong Kong, colaborou com grupos artísticos locais para promover o evento e superar os recordes da participação do público nas exposições de arte em Macau. Não foi uma tarefa fácil, descreve Wong.  A criação de uma plataforma para os artistas atenderem às necessidades do mercado é o objectivo final, já que Wong acredita que os artistas podem sobreviver e prosperar sem terem de contar exclusivamente com dinheiro público.

 

A New Art Wave Expo oferece aos estudantes e licenciados de academias de arte na Ásia um espaço para apresentarem as suas melhores peças de arte, após serem seleccionadas por um painel de júris. Também permite aos artistas encontrarem coleccionadores de arte, curadores e críticos estrangeiros.

 

Wong, que estudou Gestão de Artes em Hong Kong, criou laços de amizade com os seus colegas de Macau, razão pela qual recebeu uma enorme ajuda de grupos artísticos locais durante a organização da exposição. É com um sorriso que conta que um amigo local enviou duas mil mensagens para convidar pessoas para o evento. Tendo conhecimento especializado na área das relações públicas, a sua equipa, composta na totalidade por profissionais de Hong Kong, era responsável por tudo: desde a reserva do espaço, candidatura aos subsídios, até à promoção. Wong admite que os desafios eram muitos. “Disseram-nos que as pessoas de Macau não têm muito o hábito de ir a feiras de arte e ficámos preocupados que a participação não fosse satisfatória. Além disso, não existe um grupo de coleccionadores perceptível em Macau e, por isso, passámos muito tempo a procurá-los. Também tivemos de criar formas de incentivar os coleccionadores de Hong Kong a virem à feira em Macau. ”

 

As organizações estrangeiras podem candidatar-se ao apoio do governo, caso realizem as exposições em Macau. Mas Wong acredita que, se o governo considera as artes e a cultura parte nuclear das políticas de desenvolvimento económico, então tem de colaborar de forma mais dinâmica com organizações de curadoria. Por exemplo, a organização da visita de uma delegação estrangeira a estúdios de arte e associações artísticas em Macau foi uma das actividades do evento. O objectivo era potenciar oportunidades de negócio. Mas foi a equipa de Wong, empenhada a 100 por cento, que sem qualquer apoio das autoridades esteve à procura de organizações ou artistas que valesse a pena visitar. “Os grupos estrangeiros não conseguem desenvolver localmente um ambiente de paixão pela arte. Os grupos artísticos locais só estarão dispostos a colaborar se o governo assumir a responsabilidade, oferecendo apoio. Fizemos um grande esforço para convidar oradores internacionais para o evento. Se pudéssemos organizar o evento em institutos locais ou instalações governamentais, a feira atrairia mais pessoas.”

 

Wong diz que as opiniões recebidas sobre a exposição foram positivas e que, apesar das inúmeras dificuldades na organização, espera que se realizem mais edições do evento. No entanto, é impossível para a sua equipa comportar de forma exclusiva o custo elevado do arrendamento do espaço. O apoio financeiro é um dos elementos que determina a continuidade do evento. Wong ainda está em conversações com os departamentos competentes para explorarem oportunidades de colaboração.

 

Sou Leng Fong, uma das artistas que participou na New Art Wave Expo, conseguiu que um conjunto de esculturas suas fosse notado durante a exposição. Sou conheceu agentes de arte locais e do interior da China. “Um artista pode ter de esperar um ano para organizar uma exposição num espaço local, e o custo é elevado. A maioria das feiras de arte em Macau aceita apenas a participação de membros de certas associações de arte, e eu penso que o mérito da New Art Wave Expo é que inclui artistas de diferentes partes do mundo, e permite aos artistas independentes e emergentes polirem a sua presença no mercado de arte. Também ajuda a trazer artistas locais até ao público fora de Macau”, diz.

 

As galerias e feiras de arte são canais importantes para os artistas locais mostrarem os seus trabalhos. Sou também participa em feiras de arte nas regiões vizinhas. Ela descobriu que a venda de arte é muito comum nas feiras de arte no exterior, e que algumas exposições de estudantes de arte, organizadas no interior da China, têm atraído a presença de compradores. Macau, em contrapartida, está apenas a realizar feiras que se destinam meramente à apreciação de arte e ao intercâmbio cultural. Sou diz que os artistas locais devem juntar-se a determinados grupos para adquirirem mais vantagens na reserva dos espaços e na promoção e gestão das exposições. Esta prática provou ser eficaz no caso de algumas galerias de renome, mas não ajuda a desenvolver um mercado de arte mais maduro e a unir talentos artísticos locais. Sou espera que no futuro sejam organizadas em Macau mais feiras como a New Art Wave Expo.