Situada na Rua de São Paulo, a Flugent Art Gallery abriu as portas há apenas um ano, mas tem promovido com dinamismo as obras dos artistas locais no exterior. Em Julho, a galeria levou obras de Macau a Osaka, no Japão, e conseguiu vender um quadro contemporâneo inspirado em espaços urbanos como a Travessa da Paixão.
Mas o objectivo da Flugent Art Gallery não é vender apenas um ou dois quadros. A ideia fundamental é “estimular” artistas e coleccionadores. “Esperamos ajudar artistas e coleccionadores a construir relações duradouras”, diz Hiskey Mok, directora da Flugent Art Gallery. Mok considera que a galeria funciona como um agente de investimento – conhece profundamente os artistas com quem colabora, e toma a iniciativa de fazer a ligação com coleccionadores adequados. “Encontramos apaixonados por arte em diferentes ocasiões, como exposições de arte, e estamos frequentemente com eles para perceber os seus gostos. Depois apresentamos-lhes artistas que sejam compatíveis.”
A Flugent Art Gallery de Taipé veio em Maio para Macau na esperança de plantar sementes artísticas na pequena cidade. Mas primeiro tem de se adaptar ao solo. Para uma cidade que se comprometeu determinantemente a desenvolver as indústrias culturais e criativas, investir em arte parece uma boa ideia, embora o funcionamento real não seja nada fácil. A primeira dificuldade surge com os próprios artistas. Mok diz que existem muitos novos artistas e que os licenciados em arte e design do Instituto Politécnico de Macau têm ideias únicas e capacidades excelentes. Mas não são muitos os artistas que trabalham a tempo inteiro na criação de arte para ganhar a vida. Mesmo os artistas que trabalham a tempo inteiro não entendem bem como é que o mercado funciona. Em Taiwan e Hong Kong existe uma fórmula para os artistas estabelecerem preços para os seus trabalhos. O índice de referência inclui o tamanho do quadro, a categoria e as condições do mercado. Mas os artistas de Macau não sabem como estabelecer preços para as suas obras e, por isso, os preços dos seus trabalhos artísticos são voláteis. Outra das funções da Flugent Art Gallery passa por ajudar artistas a encontrar a sua posição no mercado adoptando um espírito empresarial.
A principal forma da galeria promover as obras no estrangeiro é participando em diversas exposições. Nas regiões vizinhas de Macau são organizadas muitas exposições, sobretudo no interior da China, onde é possível encontrar exposições durante todo o ano. Mas as galerias originárias de Macau não participam frequentemente nestas exposições. Por um lado, estas galerias locais são pequenas e não podem comportar as despesas e os recursos humanos necessários para frequentar mostras no estrangeiro. Por outro lado, existem requisitos estabelecidos para participar nas grandes exposições. Não é apenas a obra de arte que tem de passar um limiar de qualificação, mas também a própria galeria tem de se qualificar para poder participar. Por exemplo, uma exposição de grande escala organizada este ano em Xangai rejeitou a candidatura submetida pela Flugent Art Gallery por esta estar a funcionar há apenas um ano. Felizmente, a galeria conta com o apoio da sede em Taipé e tem recursos suficientes para ir ao estrangeiro. Mesmo que não possa expor, é enviada uma equipa para participar em exposições organizadas em vários locais, de forma a adquirir um melhor entendimento sobre as últimas tendências do mercado. Mok espera que Macau possa vir a ter a sua própria grande exposição e que seja possível a participação conjunta das galerias locais e estrangeiras.
Muitos dos clientes de Mok têm perguntado sobre obras artísticas de Macau, e ela tem feito o possível para promover as peças, mas o método de promoção utilizado – de relaxar e ficar à espera – é, afinal de contas, insuficiente. Em Taipé, os artistas fazem criações em série; o seu estilo e conceitos são fortes. Além disso, galerias de vários tipos estão frequentemente concentradas num lugar, para que os clientes possam visitar umas atrás das outras. E os trabalhos de arte enchem o olhar. Mas o estilo das obras de arte de Macau não é suficientemente versátil, e os terrenos são limitados e caros. Por isso, é impossível reproduzir o que se passa em Taipé. Mok acredita que a única forma de ultrapassar estas deficiências é apostando na troca de informações e na cooperação entre colegas artistas. O governo também pode desempenhar um papel na promoção do intercâmbio entre galerias locais.
Isto é algo que não pode ser feito à pressa. Conforme sublinha Mok, investir no trabalho artístico é uma forma lenta de ganhar dinheiro. É um desafio para a população de Macau, que está habituada a fazer dinheiro de forma rápida. Mok acrescenta: “Também me formei em Artes. Antigamente só me concentrava em desenhar. Só depois de me juntar à galeria é que percebi que a arte é mais do que misturar cores. É necessária uma maior compreensão por parte das pessoas para entenderem a comunicação entre os artistas e o público. Acredito que a Flugent Art Gallery e outras galerias locais precisam de trabalhar mais para alcançarem isto”.