Yu é uma profissional veterana dos média e a fundadora da IOU TAK BUT PUBLICAÇÕES, LIMITADA. Trabalhou para muitas revistas de estilo de vida e de viagens, tais como City Pictorial, Wine Magazine, E Travellers Magazine e Cguide Magazine, além de ter sido juíza em prémios culinários profissionais. Adora tudo o que tenha a ver com impressão em papel e espera exportar publicações de Macau, assim como trazer para Macau publicações e autores prestigiados.
A florescente feira do livro artístico é uma “feira” cultural e criativa singular, de grande dimensão, que atrai as maiores atenções por parte de muitos jovens do sector cultural e criativo. Em contraposição com os mercados culturais e criativos, nos stands das feiras do livro artístico imperam as revistas independentes, as publicações artísticas e os livros de ilustração, sendo que a presença de stands não locais contribui para intensificar a aura cosmopolita do evento. A exemplo disso, assinala-se a recente Feira do Livro Artístico “BIGGER 2021”, realizada em Guangzhou, onde esteve patente uma exposição intitulada “O Mais Belo Livro da Holanda”, encabeçada pelo Consulado da Holanda, a qual resultou num acontecimento extraordinário de imensa relevância para qualquer jovem estudante de design e edição de livros. Por sua vez, a Feira do Livro Artístico IP tem vindo, nos últimos anos, a tomar de assalto as cidades de Pequim, Xangai e Guangzhou, congregando as novas forças mais dinâmicas do sector e tornando-se um laboratório experimental para a introdução de novas propostas de grande impacto para o sector editorial tradicional.
A moda das feiras do livro artístico começou, na verdade, no exterior. Como espaço público, a feira do livro pretende ser um espaço de interacção comunitária. Antigamente, achávamos que os livros artísticos eram livros especializados que se destinavam apenas a uma pequena elite, mas o assomar das feiras do livro artístico veio revelar à geração mais jovem toda uma diversidade de publicações, incluindo livros perfeitamente acessíveis e de leitura fácil. Através da interacção neste espaço público, os leitores podem estabelecer um verdadeiro elo de ligação com a arte e as publicações. Não irei aqui debruçar-me muito sobre as feiras do livro artístico no Interior da China, pretendendo, desta vez, explorar sobretudo algumas feiras do livro artístico de referência no exterior.
As feiras do livro artístico já se realizam há muito tempo na Europa e nos Estados Unidos, sendo fundadas por pessoas de diferentes idades, ao passo que as suas homólogas no Interior da China são sobretudo direccionadas para os jovens, assumindo um cariz mais flexível e lúdico. A Polycopies, fundada em Paris em 2014, é uma organização sem fins lucrativos dedicada à distribuição e divulgação de publicações fotográficas independentes, que realiza anualmente uma pequena exposição durante a semana da “Paris Photo”. A organização promove sobretudo livros, reproduções, objectos de papel e práticas editoriais experimentais, sendo estes, por conseguinte, os produtos de destaque da exposição. O local onde esta é organizada é particularmente curioso: um barco de recreio atracado no cais do Sena transforma-se, durante este período, numa feira do livro efémera, um cenário romântico tipicamente parisiense.
“Polycopies” realizada num barco de lazer Imagens: Fotografias promocionais das feiras do livro
Ao cabo de uma longa história de evolução, as feiras do livro estrangeiras começaram a tornar-se mais concretas e especializadas, dando lugar a nichos como a banda desenhada, à qual se consagram igualmente várias feiras do livro independentes. Por exemplo, o Festival de Banda Desenhada de Hamburgo (Comic Festival Hamburg), criado na Alemanha em 2006, reúne inúmeros criadores e editores de banda desenhada de todo o mundo, os quais acorrem ao Festival para contactarem presencialmente uns com os outros. A última edição do certame foi dedicada ao tema “deixar a arte fluir pela cidade”. Ainda que em plena pandemia o mundo não pudesse “fluir livremente”, os profissionais da banda desenhada expressaram o seu optimismo em relação ao futuro, levando a banda desenhada para a rua através do “Panel Walk” e incutindo energia positiva na cidade para fazer face aos tempos insólitos em que vivemos. Por vezes, a exposição é realizada em diferentes vitrines e pequenas salas de exposições nos bairros da cidade, adoptando uma espécie de táctica de “guerrilha”, que contribui para tornar o evento mais intrigante, proporcionando um novo modelo de referência para as feiras culturais e criativas.
O muito criativo cartaz do Comicfestival Hamburg 2019 Imagens: Fotografias promocionais das feiras do livro
A Alemanha é um dos países com mais experiência na realização de feiras do livro independentes, sendo palco de um número impressionante de IP. Para além de feiras com formatos mais descontraídos, há também feiras muito profissionais, como a Feira do Livro Artístico de Berlim “Miss Read” (Miss Read: The Berlin Art Book Fair), criada em 2009, atraindo mais de 200 vendedores e editores de livros artísticos de todo o mundo e reunindo todo a espécie de artista peculiar, cada um mais excêntrico e teatral do que o outro. O evento promove ainda workshops e palestras onde o desenvolvimento do sector e a comunicação no seio da mesma são discutidos de forma aprofundada. Antes da pandemia, a Doooogs, uma plataforma de livreiros independentes de renome que se divide entre Berlim e Pequim, marcou presença na Miss Read, onde exibiu vários livros e revistas do Interior da China que, nos últimos tempos, se popularizaram nos círculos dos livros independentes. Embora a feira tenha sido suspensa nos últimos dois anos devido à pandemia, os programas online continuaram a ser realizados, estando já abertas as inscrições para a edição de 2022. Mesmo que não seja possível estar presente, basta ter acesso a um computador com ligação à Internet para se poder assistir a uma série de palestras especializadas, em que será abordado o estado actual e a direcção futura do sector.
A pandemia tem vindo a comportar inúmeros desafios e dificuldades para todos os sectores no que respeita ao contacto entre profissionais e à realização de feiras. No entanto, é precisamente nestas circunstâncias que o seu entusiasmo e a sua determinação se tornam mais evidentes. Sempre que testemunho o empenho das editoras que participam nas feiras do livro artístico em procurar novos caminhos possíveis para voltar à normalidade, é como se um feixe de luz se acendesse sobre as suas cabeças, indicando a direcção do futuro e dando força às editoras independentes que tanto lutam para sobreviver.