Yi-Hsin Lin

Formado na Escola de Estudos Orientais e Africanos (SOAS) da Universidade de Londres. Vive e trabalha actualmente em Londres como escritor. Lin fez curadoria de pintura para o Museu Vitória e Alberto, bem como para o Museu Britânico. É também professor de Arte Chinesa na Christie’s Education e colabora com várias revistas de arte em língua chinesa.


Integrar a Criatividade no Dia-a-Dia: Festival de Design de Londres 2016

18a edição | 12 2016

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Há algum tempo escrevi nesta revista sobre a Semana do Artesanato de Londres e a Semana de Design de Clerkenwell, e apresentei a cultura criativa de Londres. No final de Setembro, o Festival de Design de Londres atestou que a cidade se transformou numa das melhores capitais de design do mundo. A primeira edição da Bienal de Design de Londres também aconteceu este ano. A sua escala e conteúdo atingiram resultados impressionantes e conseguiram captar a atenção de aficionados do design do mundo inteiro. Tudo isto veio provar que a indústria criativa de Londres está a florescer.


Festival de Design de Londres


O Festival de Design de Londres foi lançado em 2003. Ao contrário de outras exposições que normalmente acontecem num único local e têm um único organizador, o festival é liderado por John Sorrell e Ben Evans, e atrai talentos da indústria do design, bem como museus, escolas, empresas e pessoas individuais. O festival visa proporcionar uma experiência rica e diversificada da criatividade de Londres. Este ano, durou nove dias e teve mais de 500 actividades. O V&A Museum foi a principal casa do festival. Foram criadas exposições satélite e zonas de compras em Bankside, Brixton, Brompton, Chelsea, Clerkenwell, Islington e Shoreditch, entre outras. Ao fazer isto, Londres tornou-se num centro de design sem fronteiras. Vários tipos de design puderam ser vistos quase por toda a parte, e era fácil ao público participar nas exposições.


Olhemos para Bankside, localizado na margem do rio Thames. Foram organizadas exposições de design contemporâneo na Tate Modern e no London College of communication. Brixton, no sul de Londres, é um centro emergente de design e desta feita focou-se na arte pública e na instalação. A principal localização do festival, o V&A Museum, está localizada em Brompton, na luxuosa zona ocidental de Londres. Ali organizaram-se exposições de arte e artesanato, e uma série de seminários. Também na zona ocidental da cidade, Chelsea mostrou uma série de design de interiores, mobiliário, acessórios e produtos para casa, e estas mostras atraíram muitos amantes de design. Clerkenwell e Islington situada no norte de Londres, são zonas conhecidas pela revitalização de edifícios antigos através da utilização de novos designs, e são muito apreciadas pelo público. Shoreditch participa no festival há oito anos consecutivos. Conceitos avant garde de design puderam ser vistos nesta parte de East End e foram uma verdadeira festa para os olhos.


Bienal de Desing de Londres


Para expandir a visão do Festival de Design de Londres, e para fortalecer a relação com cidades noutros países, os organizadores desta edição da Bienal de Design de Londres tomaram como referência o modo de operação da Bienal de Veneza. Os expositores estiveram organizados por país, para mostrar que o evento é uma plataforma para o diálogo global sobre design. Este ano também assinala os 500 anos da “Utopia” de Thomas More, o livro que retrata uma sociedade imaginária com qualidades perfeitas. A obra serviu de inspiração para o tema desta edição: Utopia by Design. Designers e profissionais criativos de 37 países foram convidados a partilhar e apresentar as suas ideias e valores estéticos, com o propósito de explorar o que é a Utopia em diferentes culturas, e de explorar possibilidades de aumentar o bem-estar e a felicidade das gerações futuras.


DenCity – A Reachable Utopia in Shenzhen, por exemplo, é uma obra de instalação de um artista do interior da China. Eatopia, de Taiwan, é uma apresentação de artes visuais que incorpora o conceito de design de comida. O arquitecto Liu Xiaodu é o homem à frente de DenCity. Ele almeja resolver problemas ambientais através da criação de uma comunidade de alta densidade. Eatopia é da autoria dos designers Tseng Shikai, Rain Wu e Lydia Chang, entre outros. A ideia é criar uma experiência gastronómica num ambiente teatral. Questões de conflito étnico e integração na história de Taiwan são exploradas, de modo a promover uma maior reflexão sobre o futuro da cultura taiwanesa. Tudo isto mostra que a Bienal de Design de Londres envolveu grupos diversificados de organizações para que pudessem expor; e colaborou com o sector empresarial para promover o evento. Com a gradual participação de diferentes grupos artísticos e outras partes interessadas, a bienal é capaz de fazer crescer o seu impacto nas indústrias criativa. Aguardo com entusiasmo por mais ideias brilhantes na próxima edição.