Yi-Hsin Lin

Formado na Escola de Estudos Orientais e Africanos (SOAS) da Universidade de Londres. Vive e trabalha actualmente em Londres como escritor. Lin fez curadoria de pintura para o Museu Vitória e Alberto, bem como para o Museu Britânico. É também professor de Arte Chinesa na Christie’s Education e colabora com várias revistas de arte em língua chinesa.


Descobertas sobre emprego no sector criativo e cultural no Reino Unido já são conhecidas!

13a edição | 02 2016

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De acordo com o relatório Enriching Britain: Culture, Creativity and Growth, publicado em 2015, as indústrias culturais e criativas representavam cinco por cento da economia do Reino Unido, o equivalente a 77 mil milhões de libras. No entanto, devido aos cortes orçamentais impostos pela Câmara dos Lordes do Parlamento, o investimento em apoios sociais e educação terciária foi reduzido. Departamentos culturais regionais também enfrentaram cortes contínuos, o que preocupou o sector cultural. Para responder ao impacto do abrandamento económico, a CREATE, uma organização não-governamental sediada no Leste de Londres, lançou o projecto Panic!, em parceria com a Barbican, o Guardian, a Goldsmiths University of London e a Brithish Art Show 8. O projecto consistia num sondagem ao sector criativo e cultural do Reino Unido, bem como num programa de dez dias que discutiu e apresentou o que estava a acontecer no sector e o que estaria para vir.


 A sondagem


A sondagem foi feita em Setembro e Outubro de 2015, com 2.539 pessoas a serem entrevistadas. Entre elas estavam profissionais do sector dos museus, galerias, bibliotecas, performance, música e artes visuais. Os resultados que se seguem merecem a nossa atenção e reflexão.


Primeiro, aqueles que recebem mais de 50 mil libras por ano tendem a acreditar que conseguiram atingir esse patamar através de trabalho árduo, talento e ambição. Aqueles que ganham abaixo das cinco mil libras por ano, acreditam que o mais importante não é o conhecimento que se tem mas as pessoas que se conhece. Em segundo lugar, a maioria dos indivíduos caucasianos não reconhecem as barreiras enfrentadas por negros, asiáticos e minorias étnicas [BAME, na sigla inglesa] que tentam entrar no sector. Além disso, há mais mulheres que homens no sector das artes e geralmente recebem menos que os seus pares masculinos. A pesquisa também descobriu que 76 por cento dos respondentes a trabalhar no sector das artes tem pelo menos pai ou mãe com um emprego de classe média; e que 88 por cento dos respondentes trabalharam gratuitamente durante um certo período das suas carreiras. A sondagem revela que, se os jovens não tiverem pais capazes de apoiá-los para conseguirem construir uma carreira criativa, torna-se extremamente difícil entrar nesta indústria.


Debates sobre Arte, Música e Performance


Além de publicarem as descobertas deste estudo, os organizadores também iniciaram uma série de debates ao vivo e um programa de exposições, concertos e filmes para fomentar a consciencialização das autoridades e do público. Eis alguns dos temas a debate: a cultura popular dá oportunidades aos jovens artistas hoje em dia? O domínio da classe média no sector das artes e da cultura leva à falta de diversidade nesta indústria? Qual o modo mais efectivo de gerir organizações numa economia global e multicultural? Será que diferentes forças de trabalho tornam as instituições e os negócios mais dinâmicos e bem-sucedidos? Está acabada a reputação de Londres enquanto centro líder na criatividade? Os jovens artistas que chegam a Londres conseguem obter o conhecimento de que precisam e as inovações que querem, para assim poderem contribuir para a sociedade?


A sondagem revela até que ponto a classe social, a etnia, a idade e o género continuam a influenciar uma carreira nas artes no Reino Unido, e identifica problemas encobertos. Os organizadores esperam que, ao publicarem estes resultados, mais pessoas possam pensar novamente sobre o que está a acontecer no sector das artes e como este pode ser melhorado. Acima de tudo, espera-se que o estudo possa ajudar a criar um ambiente mais justo e diversificado para os jovens que querem entrar no sector criativo.