Rachel Mok

Natural de Hong Kong, Rachel apaixonou-se pelos Tat Ming Pair e pelo Britpop durante a escola secundária e, desde essa altura, desenvolveu um interesse profundo pela cultura pop. Depois de concluir os estudos na Escola de Jornalismo da Universidade Baptista, começou a escrever para várias publicações em inglês e chinês de Hong Kong. Rachel é actualmente editora executiva da plataforma de música online Bitetone e directora de eventos da Cuetone. Adora viajar, batatas fritas picantes e cor de laranja. Odeia esperar pelo autocarro.


Sucessos & Insucessos 2015

12a edição | 12 2015

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Num piscar de olhos, Dezembro está à porta. Este ano parece ter passado particularmente rápido. E Hong Kong teve um ano incrível no que toca à música ao vivo, com muitos artistas famosos, alguns novos, outros antigos, a actuarem na cidade – foram tantos que receei não ter tempo para assistir a todos os concertos. À medida que entramos em Dezembro, vamos aproveitar esta oportunidade para olhar para trás e recomendar alguns nomes a não perder de vista.


O cantautor que cresceu rápido – Michael Lai


Ao ouvir Michael Lai pela primeira vez, o impacto pode não ser nada de especial – ele é apenas mais um jovem cantautor. Mas seis meses mais tarde, ao revisitar as suas músicas, senti que ele era uma verdadeira lufada de ar fresco, cheio de energia e inspiração. Com uma forte equipa de produção por trás, o primeiro álbum Up Down Left Right B A Start era variado na sua natureza e uniforme nos temas. Por vezes sinto que Michael pode vir a ser o porta-voz da geração mais jovem. A sua equipa espera posicioná-lo “fora do mainstream” e desenvolver um músico talentoso. Fico à espera de ouvir para o ano a música de um Michael mais amadurecido.


Intérpretes de música folk urbana – Stranded Whale


Muitos grupos musicais de Hong Kong andam à volta de temas como a paixão e os sonhos, o que pode ser um pouco cansativo. O som do grupo de música folk urbana Stranded Whale é mais simples e flexível, como uma corrente de água límpida. A atenção profunda dada à criação musical e o cuidado atribuído aos arranjos e actuações pode ser observado no álbum Northern Tower ou nos seus espectáculos ao vivo. Jabin, o vocalista principal, escreve letras poéticas e faz realmente com que os Stranded Whale se destaquem entre os seus pares locais. Podem até não vir a tornar-se muito famosos, mas são decididamente perseverantes. Espero que continuem a fazer música.


Organizadores de concertos – House of Mercury


Este ano, um dos eventos mais memoráveis de Hong Kong foi o concerto do grupo australiano de música neo soul Hiatus Kaiyote. A organização foi extremamente ousada em trazer este espectáculo muito pouco conhecido a Hong Kong. É disso que a House of Mercury gosta – manter-se um passo à frente dos outros e trazer espectáculos a Hong Kong antes que se tornem conhecidos, o que é um risco, mas interessante. Jake, o cérebro da operação, diz que há uma série de jovens em Hong Kong que gostam de blues, soul e funk. Além dos Hiatus Kaiyote, a House of Mercury também recebeu este ano Mr. Sipp, Harts e Roy Ayers. Jake diz que para o ano espera continuar a trazer a Hong Kong mais nomes novos. Aqueles que estão dispostos a acreditar na House of Mercury devem manter-se atentos à sua programação.


Uma imensidão de sons


Esta é puramente a minha opinião pessoal, mas de certeza que os jovens de Hong Kong estão fartos de ouvir música pop. Noutros locais, estilos como o  blues, funk, soul ou outras formas alternativas de música têm desfrutado de um renascimento, encabeçado por músicos jovens. Sempre que novos sons como estes emergem em Hong Kong – seja o reggae de Sensi Lion e Mouse FX, os sons tribais de Hakgwai e Ah Chor, ou músicos que tocam gypsy jazz e blues – as pessoas ficam curiosas, acabam por apreciar esses sons e perguntam-me onde podem encontrar mais música alternativa deste género. Discute-se há muito tempo a “morte” da música pop em Hong Kong, mas de qualquer maneira acredito que a população de Hong Kong continua a precisar de música. À medida que as apresentações em lugares públicos vão proliferando em Hong Kong e a internet se vai tornando mais popular como plataforma promocional, acredito que a população local vai acabar por ter acesso a cada vez mais tipos de música alternativa. Num contexto de predominância dos grandes meios de comunicação, vale a pena espreitar mais o mundo online para descobrir uma maior variedade de sons.