Todos os anos, o Encontro de Artes Performativas de Tóquio (TPAM, na sigla inglesa), realizado em Fevereiro em Yokohama, atrai artistas, companhias de teatro e investidores de diferentes partes da Ásia. Os participantes são principalmente produtores da indústria. Também existem pessoas como eu que são produtores executivos e criadores de conteúdo do sector de peças de teatro e que se inscrevem para participar no evento. O nosso objectivo é ver o maior número possível de espectáculos com potencial num curto espaço de tempo, participar de intercâmbios culturais entre regiões, fazer contactos e procurar cooperações.

Este ano é a segunda vez que o festival BOK participa no TPAM. Ao contrário do ano passado, o espaço que usámos estava especificamente reservado para a exibição de produções de Macau. Isto significa que todo o programa foi mais como um projecto de arte especial que permitiu ao público ter um vislumbre da experiência e da vida dos artistas independentes em Macau. Este projecto mostra produções da perspectiva de uma região, já não de uma perspectiva fragmentada. Este ano, o BOK juntou-se à Associação Point View Art para criar este “Made-in Macau”, um projecto temático para mostrar ao público do TPAM produções cujas histórias acontecem em Macau. As quatro produções mostradas no TPAM têm características distintas, mas também partilham alguns fundamentos comuns.

Experiências sonoras

Há dois anos, a banda local de acappella Water Singers trouxe ao TPAM a produção Picturesque, parte do BOK 2017. Picturesque é uma produção experimental criada num teatro. Um trabalho musical meu, O Sr. Shi e o Seu Amante, que foi feito antes de Picturesque, também participou no TPAM em 2017. Avançando para este ano, as quatro produções exibidas no TPAM são todas feitas com música ao vivo. Isto reflecte até certo ponto a tendência de produção em Macau. Mais artistas que trabalham com som e música estão a entrar na cena teatral, à medida que mais teatros locais estão a prestar mais atenção a efeitos sonoros e música originais. A experiência sonora também se tornou um meio importante para encenadores, coreógrafos e actores inovarem e criarem novos conteúdos.

Performances transculturais

Todas as vezes que vamos ao exterior em busca de oportunidades de intercâmbio, temos a possibilidade de ter um novo entendimento da nossa própria identidade e cultura. É também uma maneira de testar a capacidade das nossas produções em atrair a atenção de diferentes públicos numa plataforma internacional e de perceber se as nossas produções podem corresponder às nossas expectativas. As produções “Made-in Macau” no TPAM deste ano são portas de entrada para o público ter uma aventura transcultural. Nos anos anteriores, prestámos atenção ao facto de as equipas de produção serem compostas inteiramente por talentos locais para garantir que eram 100% made-in-Macau. Este ano foi diferente. Preocupámo-nos mais com questões sociais e temas relacionados à arte que estão a acontecer em todo o mundo. É por isso que podemos ver temas como reflexões sobre guerra, industrialização e ansiedade infantil nestas performances. Estas produções foram feitas por talentos profissionais de diferentes origens culturais, que se reuniram para pintar uma imagem de como o Macau aparentemente próspera se parece aos olhos de outras pessoas.

Enquanto incubadora local de produções teatrais, a BOK fez muitos esforços para conectar artistas de diferentes regiões vizinhas e facilitar o intercâmbio. Acredito que precisamos de um ambiente mais diversificado e de espaços em Macau para ajudar as produções locais a prosperarem. Não podemos simplesmente mostrar o nosso trabalho na mesma plataforma repetidamente. Precisamos encontrar a expressão certa que seja mais flexível, poderosa e alinhada com um estilo de vida moderno ao mostrar os nossos trabalhos ao público. Também estamos ansiosos para que as produções de Macau atinjam mais conquistas na Ásia no futuro próximo.