Ho Ka Cheng

Supervisor da Associação Audio- Visual CUT, Ho é um dos realizadores do projecto Macau Stories 1 e esteve também envolvido no Macau Stories 2 – Love in the City e no Macau Stories 3 – City Maze. Macau Stories 2 – Love in the City recebeu uma menção especial no festival português de cinema Avanca e foi mostrado nos festivais de Tóquio e Osaka.

O Potencial dos Filmes de Macau

18a edição | 12 2016

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Recentemente, os cineastas de Macau ficaram muito entusiasmados com o facto de Crash, uma curta-metragem da autoria do realizador local Hong Heng Fai, ter sido nomeada para os Prémios Golden Horse, de Taiwan, na categoria de Melhor Curta-Metragem de Acção. No momento em que escrevo este texto, o vencedor ainda não foi revelado. Se um filme de Macau ganhar este prémio, serão excelentes notícias. Antes de fazer Crash, Hong participou na competição “48 Horas a Abrir – Desafio Vídeo”, parte do Festival Internacional de Cinema & Vídeo de Macau (MIFVF, na sigla inglesa). A sua criatividade ficou patente em Before Dawn, que lhe valeu a vitória no “48 Horas de ponta”. Em 2015, duas das suas curtas-metragens, In Memory of Her e Caged, foram apresentadas na secção de Macau do MIFVF. Estes filmes mostram que Hong fez novas tentativas no modo de narrar as histórias. Crash prova que Hong melhorou as suas capacidades narrativas, e também a fotografia e o design de produção. Isto faz com que aguardemos com expectativa pela sua incursão nas longas-metragens.


Desde 2007, o Centro Cultural de Macau tem apresentado as sessões Macao Indies como parte do MIFVF. Esta secção atrai todos os anos a participação de uma série de cineastas locais, e tornou-se num evento importante para os amantes de cinema em Macau. É também uma plataforma importante para os realizadores locais lançarem os seus trabalhos. As sessões Macao Indies são sem dúvida uma força motriz para promover o crescimento da indústria de cinema local. Incluem tudo: documentário, curta-metragem, animação. A quantidade e qualidade dos filmes seleccionados também têm melhorado ano após ano. Estas sessões têm um especial impacto na produção de documentários em Macau. Cerca de 50 documentários foram subsidiados desde 2007. Os participantes não só recebem o indispensável financiamento para a produção, como também têm aconselhamento profissional para a realização do filme. Este programa preparou uma série de talentos na área da realização de documentários. São eles Choi Ian Sin, Ho Wai, Wallace Chan e Benz Wong, entre outros. Filmes documentais de qualidade, como HERstory Jeritan, We Love Dance, 2200KM, I Repeated, Ten Years – The Dream of Dance, Time Travel, Into the Void, I’m Here, Crossing the Bridge of Macao, Sirena, Farming on the Wasteland, Fonting the City e Two Sides também nasceram deste programa.


Em 2012, a organização alterou o nome de Macau – O Poder do Documentário para Macau – O Poder da Imagem, e expandiu o programa para que pudesse incluir curtas-metragens e filmes de animação. Isto deu espaço para que os cineastas fizessem novas experiências. Na categoria de curtas-metragens, vários filmes foram subsidiados, incluindo A Friend of Mine, Two Funerals and a Movie, Crossroad, Absurd World, Ugly Before, In Memory of Her, The Kids Project, Crash, Friend or Pho e A Summer Ghost Story. O programa também ajudou a formar novos talentos para a indústria como: Choi Ian Sin, Ho Fei, Keo Lou, Lee Ka Wai, Fio Pang, Hong Heng Fai, Nancy Io e Kaiu Choy.  Realizadores já com certa experiência podem participar nas categorias “Livre” e “Avançada”, e continuar a trabalhar na indústria cinematográfica. Além de promover filmes locais, a secção de cinema internacional do MIFVF apresenta às audiências locais filmes de qualidade vindos de outras partes do mundo. Além disso, os ciclos Visor do Cinema Asiático e AniMacao promovem a diversidade do cinema na cidade, ao apresentarem aos espectadores filmes não comerciais.


Ao longo da última década, o Centro Cultural de Macau tem dado alguns subsídios e aconselhamento profissional a cineastas, bem como espaços para projecção de filmes e para seminários, e tem permitido que os realizadores se encontrem com o público e com júris. A sua contribuição para o desenvolvimento de talentos cinematográficos locais e para a criação de públicos é evidente. Além disso, o Instituto Cultural lançou o Programa de Apoio à Produção Cinematográfica de Longas Metragens e a Feira de Investimento na Produção Cinematográfica Guangdong-Hong Kong-Macau. Todas estas iniciativas têm um impacto positivo no número de longas-metragens locais e permitem que realizadores de curtas-metragens tenham a oportunidade de se aventurar na realização de longas-metragens. Uma indústria cinematográfica estável e saudável, e políticas relacionadas com a actividade cinematográfica, são essenciais para o crescimento de talentos. Esperemos que, além de financiar os cineastas numa fase inicial, o governo possa alargar esse apoio às fases de pós-produção e distribuição no exterior, para que a indústria do cinema de Macau possa ter um crescimento constante.