Lo Che Ying

Lo é o produtor de animação veterano, tendo começado a trabalhar na área de animação independente desde 1977. As suas obras ganharam consecutivamente quarto vezes o prémio do Hong Kong Independent Short Film Festival do grupo de animação e, posteriormente, foi convidado para ser membro do júri. No ano seguinte, assumiu funções como animador do Departamento de Televisão da RTHK até 1993. Nós últimos anos tem-se dedicado à promoção da indústria de animação de Hong Kong e ao planeamento e organização de festivais de anime, sendo o curador da Exposição “50 Years of Hong Kong and Taiwanese Animation”. Actualmente ele é o secretário-geral da Associação da Animação e Cultura de Hong Kong.

A DigiCon6 apresenta a criatividade asiática

24a edição | 12 2017

Quando um criador de cinema termina o seu trabalho, é frequente ficar muito entusiasmado, que o impele a conhecer logo a plateia. No caso de trabalhos comerciais, normalmente só se sabe como uma obra foi recebida após o seu lançamento. Já os trabalhos não-comerciais dependem de projecções organizadas a nível independente ou de participações em concursos ou festivais de cinema para poderem chegar ao público, daí será obtido o sentimento de satisfação pessoal e a recepção do público. 


Em Hong Kong, não existem muitas plataformas que proporcionem projecções ou concursos de cinema independente. Acredita-se que a opinião mais representativa é a da IFVA (Incubator for Film & Visual Media in Asia), organizada pelo Hong Kong Arts Center. Este evento, originalmente apelidado de Competição do Cinema e Vídeo Independentes de Hong Kong, começou em 1995, com vista a conceder uma oportunidade de projecção, bem como prémios, a filmes de ficção, filmes animados e documentários independentes. Com o passar dos anos, tornou-se num dos mais desenvolvidos festivais de cinema da Ásia, contribuindo significativamente para a promoção de produções de cinema. Nesta edição, o grupo de animação da IFVA começou a aceitar a participação de obras de Macau. É uma grande oportunidade que decididamente não podem perder. 


Se pusermos olhos mais longe, concluiremos que, de facto, nos últimos anos, têm surgido diversos festivais de cinema de diferentes dimensões, com temas variados, por vezes com uma edição correspondente para estudantes. Basta que tenha uma obra e pesquise na internet para que encontre logo um objectivo. É claro que é um pré-requisito que tenha alguma confiança no seu trabalho. Esta forma de pensar não depende da premissa de ganhar ou não o concurso; é, antes, uma atitude de abertura para o diálogo com criadores estrangeiros, e é este o ponto que considero mais significativo na participação em festivais de cinema internacionais. 


Passarei a apresentar uma competição relevante e com um carácter desafiante. Trata-se do concurso DigiCon6 ASIA Awards, organizado pela TBS, do Japão, que, este ano, chegou já à sua 19.ª edição. A TBS é uma estação de televisão privada, fundada em 1951. O invulgar é que eles promovem empenhadamente os jovens criadores de produções audiovisuais. Através de uma série de competições, fóruns e actividades de projecções, e aproveitando os contactos que a TBS possui, é oferecida às obras uma oportunidade de representar a Ásia a nível internacional! 


A DigiCon6, que começou no ano de 2000, realizava-se exclusivamente no território japonês, tendo como público-alvo alunos e jovens criadores locais. As obras candidatas podiam ser dramas, documentários ou animação, limitando-se, entretanto, a curtas-metragens. Como resultado, a animação tornou-se predominante, representando 80% dos trabalhos candidatos. A partir de 2006, a TBS transformou a DigiCon6 num evento a nível asiático, contando já com a participação de mais de uma dezena de regiões, incluindo Interior da China, Hong Kong, Taiwan, Coreia do Sul, etc. Todos os anos, no mês de Novembro, os criadores destas regiões juntam-se em Tóquio para medir forças. 


Uma das particularidades da DigiCon6 é o seu modelo de competição em duas fases. Em primeiro lugar, cada região convoca criadores locais, e um júri local (incluindo um representante da TBS) selecciona os prémios de ouro, prata, bronze e nova geração a meio de cada ano. As obras que obtiverem as classificações mais elevadas serão escolhidas para representar a região em Novembro, no Japão, onde competirão com os trabalhos de outras regiões para lutar para o grande prémio. Por outras palavras, os trabalhos de alto nível habilitam-se a ser premiados duas vezes! 


Em 2008, a animação Hidden Elders, do realizador Chan Yu-Fung, de Hong Kong, foi galardoada com o grande prémio DigiCon6, representando um enorme incentivo para o sector da animação de Hong Kong. Desde o início, a Hong Kong Digital Entertainment Association tem assumido o papel de organizador, responsabilizando-se por todos os aspectos da competição local de Hong Kong. Todos os anos, participam em média 30 a 40 trabalhos, sendo que todos os trabalhos premiados em Hong Kong obtiveram bons resultados no Japão. Entre eles, incluem-se as animações Hong Kong Station, Behind the Schoolbag, Disposition e o drama Hong Kong Will Be Destroyed After 33 Years, entre outros. Para além de apresentarem as obras de Hong Kong a um público estrangeiro, estes trabalhos fornecem também aos criadores de Hong Kong uma oportunidade abrangente de diálogo com os seus homólogos no exterior. 


É com grande honra que integrarei o júri da presente edição da DigiCon6. Para além de levar para o Japão algumas obras representantes, terei o privilégio de seleccionar os melhores trabalhos juntamente com jurados de diferentes regiões. Serão alguns filmes de Hong Kong seleccionados? Por outro lado, desejo que as entidades relevantes em Macau (nomeadamente, o Instituto Cultural de Macau) possam, num futuro próximo, cooperar com a TBS, de modo a tornar-se uma região participante no festival. Nessa altura, os criadores de Macau contarão com mais uma plataforma representativa de expressão, o que eu acredito que venha a ter um efeito formidável no incentivo à criatividade.