Lo Che Ying

Lo é o produtor de animação veterano, tendo começado a trabalhar na área de animação independente desde 1977. As suas obras ganharam consecutivamente quarto vezes o prémio do Hong Kong Independent Short Film Festival do grupo de animação e, posteriormente, foi convidado para ser membro do júri. No ano seguinte, assumiu funções como animador do Departamento de Televisão da RTHK até 1993. Nós últimos anos tem-se dedicado à promoção da indústria de animação de Hong Kong e ao planeamento e organização de festivais de anime, sendo o curador da Exposição “50 Years of Hong Kong and Taiwanese Animation”. Actualmente ele é o secretário-geral da Associação da Animação e Cultura de Hong Kong.

Programas de apoio à animação de Hong Kong e Macau

23a edição | 10 2017

A indústria da Animação em Hong Kong emergiu relativamente tarde. Apesar de algumas animações de publicidade terem sido produzidas em finais da década de 50 do século XX, o volume de produção foi baixo. Posteriormente, as animações eram sobretudo aplicadas em acrobacias de filme e programas de televisão, mas a proporção em geral era pequena. O primeiro filme de animação , “Older Master Q”, foi lançado em 1981. De facto, a realização deste filme dependeu de uma equipa de produção originária de Taiwan.


Paradoxalmente, a animação independente de Hong Kong sempre teve uma produção constante com sucessos gratificantes e reconhecimento no contexto internacional desde a década de 70 do século XX. Podemos atribuir o sucesso da mesma principalmente a uma plataforma pública adequada, a IFVA (Independent Short Film and Video Awards), patrocinada pelo Centro de Artes de Hong Kong. A competição que se foca no cinema independente e em trabalhos de vídeo já foi organizada mais de 20 vezes, tendo apoiado um conjunto de animadores independentes e resultado em muitos trabalhos de animação fabulosos. 


Se o crescimento da indústria da animação de uma área depende da quantidade e das conquistas dos trabalhos de animação comercial da mesma, especialmente longas-metragens de animação, a quantidade de produtoras de animação e o seu nível profissional também têm de ser tidos em conta.Nos anos mais recentes, o governo de Hong Kong tem promovido activamente as indústrias criativas locais. As produtoras de animação são naturalmente o alvo destas medidas. Uma série de programas de apoio e promoção foram iniciados de acordo com este objectivo, e entre eles está o Programa de Apoio à Animação, doravante abreviado para ASP (Animation Support Program), que tem sido muito significativo.O ASP foi lançado em 2012, quando se chamava o Programa de Apoio a Start-ups de Animação. A partir do seu nome original, podemos constatar que tinha em mente produtoras de animação novas e de pequenas dimensões. Resumidamente, o programa esperava ajudar as empresas de animação a criar os seus trabalhos representativos e a desenvolver os seus potenciais na totalidade, tanto no objecto de trabalho como na tecnologia, ao providenciar directamente fundos de produção. Além disso, há um conjunto de medidas de apoio a acompanhar este processo com o intuito de permitir às produtoras familiarizarem-se com conhecimento profissional e terem oportunidades de se divulgar e aos seus trabalhos em várias plataformas, no seu tempo disponível. Para start-ups, estes apoios são muito valiosos. 


Agora, o quinto ASP foi implementado, e como resultado, dois níveis de apoio foram pensados – o primeiro, de HKD 88.000, e o segundo, de HKD 165.000, tendo subido o valor em relação ao primeiro programa, que disponibilizava apenas uma linha de apoio de HKD 80.000. Nos últimos anos mais do que 50 produtoras beneficiaram deste programa, e mais de 60 trabalhos foram produzidos. Muitos destes trabalhos são animações excepcionais, tendo ganho vários prémios e oportunidades de negócio. 


Em contraste, não existe uma indústria de animação em Macau de grandes dimensões. Apesar disso, dado Macau estar tão próximo de Hong Kong e do Interior da China, a sua indústria de animação está inevitavelmente influenciada pelo desenvolvimento das mesmas indústrias nos dois locais vizinhos. Nos últimos anos, há bastantes jovens empreendedores ou estudantes que tiraram os cursos relevantes em Macau têm desenvolvido activamente animações particulares a Macau com conquistas notáveis. 


Há alguns anos, o Instituto Cultural de Macau começou a planear o seu programa de apoio para a criação de animações. Depois de muita consulta e pesquisa, no último ano, lançou o primeiro Programa de Subsídios à Produção de Curtas-Metragens de Animação Originais. Trata-se de um programa de apoio geral à criação de animações, o qual providencia um fundo de apoio para animações tanto independentes como comerciais. A candidatura tem de ser realizada em nome de um indivíduo, o que é diferente das provisões no ASP de Hong Kong. 


Ao ser o primeiro programa, o Instituto Cultural de Macau reservou tempo suficiente para a totalidade do programa, o que levará a que o mesmo se estenda por três anos e seja dividido em várias fases. Em primeiro lugar, as candidaturas começaram a ser recebidas no final do ano passado, e mais de 20 cartas foram recebidas até Abril do presente ano. Para uma região de pequena dimensão como Macau, este número é muito encorajador. Uma equipa de avaliação de cinco membros foi constituída, sendo os membros todos especialistas em animação de Hong Kong, Taiwan ou do Interior da China. Tive a honra de ser um deles. No início de Junho deste ano, a equipa teve uma reunião de avaliação inicial no Instituto Cultural de Macau. O objectivo do dia de avaliação foi de seleccionar 12 trabalhos de todos. Graças à boa organização do Instituto, o processo deu-se de forma muito fluida. Em simultâneo, a avaliação abriu-me os olhos. Falando sinceramente, apesar de ser um fã de animação, tive poucas chances de ter contacto com o circuito de animação de Macau. Desta vez, descobri que Macau não tem falta de talento de animação, e o que é ainda mais raro é que os trabalhos são diversificados em conteúdo e técnica, sendo requisitos importantes para a indústria de criação de animações. Portanto, podemos dizer que Macau já tem uma boa base para se desenvolver. No início de Setembro deste ano veremos o resultado final da selecção e quais unidades criativas vão receber os fundos de apoio.