Yi-Hsin Lin

Formado na Escola de Estudos Orientais e Africanos (SOAS) da Universidade de Londres. Vive e trabalha actualmente em Londres como escritor. Lin fez curadoria de pintura para o Museu Vitória e Alberto, bem como para o Museu Britânico. É também professor de Arte Chinesa na Christie’s Education e colabora com várias revistas de arte em língua chinesa.


Moda, Arte e Exposição: A Mostra Itinerante de Paul Smith

22a edição | 08 2017

03_林逸欣_01.jpg


Organizado pelo Museu do Design de Londres, “Hello, My Name is Paul Smith: Touring Exhibition” está patente no Huashan 1914 Creative Park, em Taipé, até 3 de Setembro. Esta é a quarta etapa da exposição na sua digressão mundial – e a segunda na Ásia – depois de ter passado pelo Reino Unido, pela Bélgica e pelo Japão. A mostra destaca os trabalhos do designer, incluindo colecções de moda clássica, produtos criativos e fotografia. O salão de exposições não só recria o escritório e o estúdio do designer como usa os mais recentes equipamentos audiovisuais para levar o público a mergulhar no universo de glamour e talento do artista. Com isto, as pessoas podem compreender melhor como é que o criador, oriundo de uma cidade do centro de Inglaterra, emprega o seu talento artístico e o seu empreendedorismo para se projectar como ícone da moda mundial.


Quem é Paul Smith?


Paul Smith nasceu em Nottingham em 1946. Quando era jovem, trabalhou num armazém de roupas local onde se familiarizou com o processo de produção da indústria de vestuário. Em 1970, com uma pequena poupança e o apoio de amigos, abriu uma lojinha. Mais tarde, foi para a capital da moda, Paris, e alcançou a fama em 1976 ao apresentar a sua primeira colecção masculina. Com um regresso a casa glorioso, Smith abriu uma loja em Covent Garden, Londres, em 1979. As suas colecções agradaram a todo o tipo de pessoas. A sua marca tornou-se cada vez mais conhecida e a sua base de clientes foi aumentando. O forte de Smith é combinar a estética tradicional com a criatividade moderna. Ele sublinha que o design deve ser “clássico com um twist”. Os seus produtos incluem alta moda e vestuário casual, bem como acessórios. Com um forte sentido de humor britânico, Smith estabeleceu uma marca de estilo único – excêntrica mas não frívola, extraordinária mas não exagerada.


Criatividade multifacetada


Com mais de 1.500 itens, a exposição reflecte perfeitamente a personalidade divertida, curiosa e apaixonada de Smith. O que começa por cativar o olhar dos visitantes é a recriação da primeira loja de Smith em Nottingham, com apenas nove metros quadrados de área. Pequeno e sem janelas, o estabelecimento é o ponto de partida da carreira de Smith, hoje um dos principais designers da indústria da moda. Em seguida, são exibidas paredes com desenhos feitos por ele desde que era criança, bem como fotos e imagens que foi reunindo. A ideia é mostrar as mudanças no seu estilo ao longo do tempo e as suas preferências quando se trata de coleccionar arte. Além disso, as recriações do seu escritório e do seu quarto de hotel, juntamente com instalações de LED, revelam que o organizador fez bom uso de diferentes espaços e os transformou de forma a destacar o fluxo interminável de ideias provocadoras de Smith. Todos os trabalhos são atraentes e inspiradores.


A exposição também destaca a decoração das lojas de Paul Smith um pouco por todo o mundo. O edifício cor-de-rosa na avenida Melrose, em Los Angeles, e a emblemática loja em ferro na Mayfair de Londres evidenciam o sentido estético único do designer. Em todos os itens projectados por Smith se nota o recurso a listras e cores vibrantes que se tornou a sua assinatura. Seja no recorte clássico da sua própria marca ou no design de peças de automóvel e de cafetaria para outras marcas, podemos ver uma nova interpretação de cores e listras. Smith recriou especificamente alguns dos seus artigos para a exposição em Taipé. Mais de 70.000 botões em cores diferentes são exibidos numa parede de 18 metros quadrados. O efeito visual é excepcionalmente impressionante.


Quando a cultura pop encontra as instituições artísticas


Nos últimos anos, não é incomum ver instituições artísticas e culturais abrirem portas a exposições sobre moda. Em 2013, o Museu Vitória e Alberto de Londres lançou a exposição “David Bowie Is”, que atraiu milhões de visitantes. Em 2015, o Museu Metropolitano de Arte de Nova Iorque albergou “China: Through the Looking Glass”, que se tornou a quinta mais visitada daquele espaço. Em 2017, a mostra “Ambiguously Yours: Gender in Hong Kong Popular Culture”, acolhida pelo M+, analisa o desenvolvimento social em Hong Kong sob um novo ângulo. O conteúdo de todas essas exposições difere do que é tradicionalmente apresentado nos museus e representa uma tentativa de trazer o popular para a esfera da arte e da cultura. Mediante recursos audiovisuais, moda, acessórios e design gráfico, o público pode relacionar a vida quotidiana com a arte e a cultura, estabelecendo uma interacção entre estas.