Yi-Hsin Lin

Formado na Escola de Estudos Orientais e Africanos (SOAS) da Universidade de Londres. Vive e trabalha actualmente em Londres como escritor. Lin fez curadoria de pintura para o Museu Vitória e Alberto, bem como para o Museu Britânico. É também professor de Arte Chinesa na Christie’s Education e colabora com várias revistas de arte em língua chinesa.


Orgulho Gay: Eventos Artísticos LGBTQ na Grã-Bretanha em 2017

20a edição | 04 2017

03_林逸欣_01.jpg


A Lei de Crimes Sexuais entrou em vigor em Julho de 1967 na Grã-Bretanha. Ela descriminalizou os actos homossexuais entre homens com idade igual ou superior a 21 anos na Inglaterra e no País de Gales. Esta Lei é considerada um marco para o movimento LGBTQ na Grã-Bretanha. A Escócia e a Irlanda do Norte seguiram o exemplo e aprovaram, respectivamente, leis que descriminalizaram os actos homossexuais em 1980 e 1982, assim reconhecendo mais direitos aos homossexuais. Para comemorar o 50.º aniversário da entrada em vigor da lei, grandes instituições artísticas britânicas, como o British Museum, a Tate Britain e o National Trust, estão a organizar exposições relevantes ao longo do ano. Espera-se que as pessoas se lembrem de como os homossexuais eram tratados injustamente e que se preste mais atenção ao movimento LGBTQ (Lésbico, Gay, Bissexual, Transgénero e Queer). Também se espera que as pessoas compreendam o carácter único da cultura LGBTQ na esfera das artes.


O British Museum


Para explorar e rastrear as experiências LGBTQ na cultura e história ocidentais, o British Museum terá patente, entre Maio e Outubro, a exposição especial “A Little Gay History”. Abrangendo milénios de história, a exposição inclui cartas escritas em papiro no Antigo Egipto, uma taça de bebida romana decorada com inscrições eróticas e imagens criadas por artistas contemporâneos como Bhupen Khakhar (1934-2003) e David Hockney. Através da mostra de diferentes tipos de objectos, a ideia é explorar as diferenças e a diversidade do amor, do desejo e do género. O conceito da exposição baseia-se no título epónimo do livro escrito por Richard Parkinson, que em tempos trabalhou no museu. O livro contempla as colecções do museu com um tema LGBTQ e está repleto de observações e comentários incisivos do autor. Entre outros prémios, recebeu o Stonewall Book Award em 2014.


A Tate Britain


Ecoando a exposição “A Little Gay History” do British Museum, a Tate Britain vai organizar a exposição “Queer British Art”, que inclui trabalhos de 1861 a 1967 relacionados com as identidades e culturas LGBTQ. A colecção inclui pinturas, desenhos, fotografias e filmes de artistas como John Singer Sargent (1856- 1925), Dora Carrington (1893-1932) e Duncan Grant (1885-1978). Esta é a primeira exposição de grande dimensão do museu focada exclusivamente na arte queer britânica. O público poderá saber mais acerca do modo como os artistas expressaram as suas emoções e sentimentos através das suas obras de arte quando terminologias modernas como “lésbica”, “gay”, “bissexual”, “trans” e “queer” não eram reconhecidas.


Fora de Londres


Além do British Museum e da Tate Britain, instituições artísticas de outras partes da Grã- Bretanha também vão levar a cabo eventos semelhantes. Por exemplo, o National Trust lançou um programa chamado “Prejudice and Pride”. Há planos de convidar o público a explorar a herança LGBTQ de locais como a Knole House, a Sutton House e a Smallhythe Place. Além disso, o Russell-Cotes Art Gallery and Museum, em Bournemouth, e a Walker Art Gallery, em Liverpool, também vão apresentar exposições sobre a temática LGBTQ durante o Verão. A primeira é efectuada em colaboração com artistas LGBTQ locais, enquanto a segunda é uma mostra das colecções da própria galeria.


Criar um museu LGBTQ


Desde o fim do ano passado, um grupo chamado Queer Tours of London colocou caixas de donativos cor-de-rosa em dez locais de Londres com uma cultura queer significativa. O objectivo é obter verbas para um museu dedicado às comunidades LGBTQ. Esta iniciativa não só permite que as pessoas compreendam melhor a cultura LGBTQ, como também permite que as comunidades gay aprofundem o seu conhecimento acerca do movimento e da história gay. Espera-se que, através da criação de um museu e da realização de exposições, se crie um espaço público aberto, mutuamente vantajoso, igual e respeitoso. No momento em que escrevo, a Lei Alan Turing foi aprovada e foram implementados perdões para os homens que foram condenados por actos homossexuais que já não são considerados crime. Conto que este ano o sector das artes na Grã-Bretanha esteja transbordante de orgulho gay.