James Jacinto: Falta uma Rede de Distribuição para Documentários

06 2016 | 15a edição
Texto/Jason Leong, Lei Ka Io e Leo Lei

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Desde 2000, a Efficient Productions (Efficient), gerida por James Jacinto, produziu muitos documentários. Entre 2006 e 2007, por exemplo, produziu uma série documental televisiva para a Teledifusão de Macau (TDM), incluindo Youngsters Working in Casinos, Foreigners Living in Macau e outros três capítulos; em 2008 produziu o documentário Patuá di Macau, únde ta vai?, financiado pela Fundação Macau; e a sua mais recente produção foi As Crónicas de Wu Li no Colégio de S. Paulo (As Crónicas), baseada na história do pintor de Jiangsu, Wu Li, em Macau durante a dinastia Qing, que estreou em 2015.


Jacinto tem uma longa experiência em produção de documentários, mas a maioria deles foram comissionados para fins educacionais ou públicos. Apenas As Crónicas, Patuá di Macau, únde ta vai? e The Priest’s Land foram iniciados e filmados pela sua empresa. “A distribuição é a barreira mais difícil. O conteúdo destes três documentários está principalmente baseado na história [de Macau] e não é comercializável. Por isso, apesar das nossas tentativas para conseguir um canal de distribuição comercial, nenhum distribuidor se mostrou interessado. É uma pena que seja assim, porque não há muitos documentários com significado histórico em Macau.”

 

O cineasta considera que presentemente não há um sistema de distribuição completo em Macau, nem uma base de dados relevante que ajude a procurar informação a esse respeito. Que as produções cheguem ou não ao público depende somente do tempo de cada um para poder explorar e das relações que tenha. São necessários bastantes recursos e tempo simplesmente para enviar um trabalho para diferentes organizações e agências.

 

Jacinto dá um exemplo: “O custo de distribuir 2.000 discos blu-ray é de cerca de MOP 200.000,00 excluindo a procura de um canal de distribuição. Sem distribuidores, é impossível depender apenas dos recursos financeiros de produtores como nós.”

 

Jacinto afirma que apenas porque As Crónicas foi uma produção financiada pelos Cinemas UA houve a oportunidade de projectar o filme nessas salas de cinema. “Além disso, houve um acordo de cooperação entre a TDM e a nossa empresa, por isso o filme não podia ser transmitido em canais pagos ou no YouTube durante um determinado período de tempo. Contudo, estamos a planear levá-lo a um festival de cinema em Singapura, o que ajudará a promover os documentários de Macau no exterior.”

 

De facto, sem patrocínios ou subsídios de organizações ou fundações, filmar documentários é como queimar dinheiro. A este respeito, Jacinto pensa que as empresas de jogo podem fazer mais. “Da sociedade, para a sociedade. As empresas de jogo podem fornecer mais recursos para a rodagem de documentários. O actual problema em Macau é que os temas dos documentários são muito limitados, especialmente devido a relações interpessoais próximas e a uma série áreas políticas sensíveis. Na verdade, temas como as tríades de Macau ou a indústria do sexo são merecedores de atenção. No entanto, é provável que se encontrem problemas ao rodar um documentário dessa natureza e poderá ser difícil assegurar subsídios ou patrocínios. Este é o dilema que Macau está a enfrentar.”